Depois do choque de Alien (1979), o cineasta James Cameron ousou fazer uma continuação sete anos depois num longa que chamou de Aliens. Ele mesmo escreveu o roteiro e dirigiu o filme, usando a mesma atriz do primeiro filme, Sigourney Weaver, de volta ao papel da tenente Ellen Ripley.
Aliens foi um grande sucesso na época. Cameron sabe manipular as emoções da plateia. A cena em que Ripley chamava a Alien Rainha para um duelo no final arrancava aplausos da audiência. Mas o filme não envelheceu muito bem.
James Cameron não tem o apuro estilístico de Ridley Scott, o diretor do primeiro filme da série. Scott economizava as imagens do primeiro monstro (como Steven Spielberg fazia com o tubarão em Jaws). Em Aliens há uma inflação de monstros numa época pré-computação gráfica. Vulgarizados, não assustam tanto.
Outro fator irritante é a cartilha woke, típica de Cameron, o criador de Avatar. Ele faz de quase todos os homens de Aliens uns bobões covardes – como o soldado Hudson (Bill Paxton), que chora de medo quase o tempo todo, o tenente Gorman (William Hope) que tem burnout no meio da batalha. Fora o canalha Burke (Paul Reiser), representante das maldades do capitalismo.
Em compensação as heroínas são mulheres – Ripley, a soldado Vasquez (Jenette Goldstein) e especialmente a menininha Newt (Carrie Henn) que a uma certa altura comanda a tropa. A ideia de que o filme se tornasse uma briga de mulheres – Ripley contra a Alien Rainha – é bem interessante. Mas a precariedade técnica da época ficou muito evidente.
Aliás, tudo parece meio precário. As cenas das naves no espaço podem ser produzidas melhor hoje num celular. E a história tem furos que passaram desapercebidos por causa das cenas de ação. Mas que hoje ficam mais evidentes. Aliens continua um thriller nervoso e envolvente, mais próximo do filme de terror do que da ficção científica. Mas seus defeitos hoje saltam aos olhos, como os monstrinhos saltam dos ovos.