O cientista Marcos Eberlin é gerente de pesquisa no Mackgraphe, o centro de pesquisas sobre grafeno da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e um dos mais premiados pesquisadores brasileiros. Nesta entrevista concedida a Oeste, Eberlin fala sobre os problemas da ciência brasileira. Afinal: faltam recurso ou gestão?
O cientista é um dos principais defensores do “design inteligente” no Brasil. Sua crítica contra Darwin é contundente: “A teoria da evolução não passa de uma hipótese”.
O professor Eberlin orgulha-se de sua filha, Lívia, que também é cientista; ela foi a mente por trás do desenvolvimento da “caneta do câncer”, contribuição que a fez receber um prêmio maior do que o Nobel. Eberlin revela: “Temos um cientista brasileiro que ganhou não um, mas dois Prêmios Nobel de Física”.
Descubra isso e muito mais na entrevista exclusiva concedida pelo professor a Oeste.
Qual é a relevância do Brasil no âmbito da pesquisa científica?
Tenho participado da ciência brasileira nos últimos 40 anos. Começamos irrelevantes. Na época em que entrei, o Brasil não tinha quase nenhuma relevância. Mas crescemos muito em ciência. Havia alguns grupos de excelência no Brasil, mas não eram muitos. Todo o esforço que foi feito ao longo dessas décadas resultou num avanço muito significativo. Hoje temos muitas universidades, centros de pesquisa; temos sociedades muito fortes, como a Sociedade Brasileira do Design Inteligente (com quase 3 mil membros), a Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas. Somos relevantes. Acho que o Brasil é relevante em ciência e tecnologia, mas há dois problemas: o primeiro é que, como não publicávamos nada e crescemos muito rápido, passamos a ter a falsa impressão de que publicar era preciso. Publish or perish.
Os pesquisadores brasileiros preferem a quantidade à qualidade?
Sim. Começamos a dar muita ênfase à quantidade, deixando de lado a qualidade; e deixando de lado também a aplicação do que estávamos fazendo. Eu mesmo entrei nessa onda das publicações. Felizmente, como estudei nos Estados Unidos, havia um grupo que prezava demais pela qualidade. Sempre procurei enviar os meus artigos para os principais periódicos científicos dos EUA. Uma vez, por exemplo, quase emplaquei um artigo na Science. Hoje a quantidade é um fator que está prejudicando o avanço da ciência brasileira. E essa é a grande revolução que a nossa ciência precisa fazer agora, focar em qualidade. Acho que fazemos até mais do que poderíamos fazer com os recursos que temos. Não falta recurso, falta gestão.
O Brasil carece de inovação?
Outro ponto no qual pecamos muito é na inovação. Temos de, de fato, pegar todo esse conhecimento e transformá-lo em produtos no Brasil. Temos de ter um pouco mais de foco em pesquisas que, de fato, atendam ao mercado. Sou gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Mackgraphe, e o nosso foco é 100% em transferir o conhecimento adquirido na Universidade Presbiteriana Mackenzie para a indústria. Temos métodos e processos em grafeno que superam a produção internacional, o brasileiro é extremamente capaz. Não digo que somos os melhores, mas aprendemos com as dificuldades que tivemos.
Dentre as personalidades científicas brasileiras quem você destaca?
Santos Dumont. A primeira injustiça cometida pelo Brasil é contra os seus próprios cientistas. É incrível, mas parece que brasileiro não gosta de brasileiro. Enaltecemos os estrangeiros e fazemos um download dos brasileiros. Estamos ensinando nas nossas escolas agora que foram os irmãos Wright que, de fato, inventaram o avião. Analisei muitas evidências sobre o trabalho de Santos Dumont — ele foi um grande pioneiro da aviação, tem as provas. O inventor voou à vista de uma plateia, havia engenheiros observando, era um concurso de aviação. Até a década de 1960, os EUA reconheciam o inventor brasileiro como o grande pioneiro da aviação. Mas ele está esquecido, infelizmente.
Santos Dumont foi um grande inventor. E na área da pesquisa científica, quem é o cientista brasileiro que merece destaque?
César Lattes. Ele ganhou dois Prêmios Nobel, mas aqui no Brasil não sabemos disso. Os prêmios não foram entregues, mas ele os ganhou. Falo nas minhas palestras: há um brasileiro que ganhou o Prêmio Nobel? Sim, foi César Lattes; ganhou, inclusive, dois Prêmios Nobel. Lattes foi o primeiro a identificar o “méson pi” e o primeiro a isolá-lo em laboratório, e os prêmios foram dados para ambas as descobertas, só que não deram a ele. Tiraram do brasileiro os Prêmios Nobel, conto isso para todo mundo. Acho que temos, sim, grandes nomes no Brasil. Por exemplo, o professor Dupont, em líquidos iônicos. Ele é um grande nome. Matemáticos, como o Artur Ávila, que ganhou a medalha Fields. Mas é muito difícil ter destaque no Brasil, porque todo o sistema está concentrado na Europa e nos EUA.
Lívia Eberlin, sua filha, seguiu os seus passos na Ciência?
Sim. Agora, falando sobre brasileiros que ganharam prêmios recentemente — vou fazer um nepotismo científico aqui —, a brasileira mais premiada na história da ciência do nosso país é a minha filha, a Lívia Eberlin. Ela tem 34 anos e ganhou 38 prêmios. A Lívia criou a caneta do câncer. Ela ganhou o Genius Award (que é maior do que o Nobel em recursos financeiros), da Fundação MacArthur; o Laureate Signature Award, o maior prêmio da American Academy Society; e muitos outros.
Na sua trajetória, você teve um professor que o marcou?
O professor Robert Graham Cooks, dos EUA, é uma pessoa fantástica. Fiz minha pós-graduação com ele. Não era só a ciência que ele fazia, sempre procurando aplicar os conhecimentos, mas ele motivava os alunos. Ele era um gênio. Comecei a tentar segui-lo. Imito o Cooks em praticamente tudo o que faço: a forma como dirijo os meus grupos de estudos, as minhas pesquisas, praticamente tudo o que faço é no estilo Cooks. E hoje, guiado por Deus, ele é o nome mais importante na espectrometria de massas. E acho que ele chegou lá por causa da sua gestão, que procuro seguir no desenvolvimento do meu próprio trabalho aqui no Brasil.
Por que chamamos as propostas de Darwin de ‘teoria’ em vez de ‘lei’ da evolução? Quais os problemas desta teoria?
Li o livro “A Origem das Espécies”, e na leitura você percebe que Darwin não tem absolutamente nenhuma evidência científica. Ele apresenta a seguinte proposta: “Acho que modificações feitas ao longo de muito e muito tempo — ele nem sabia quais modificações seriam essas — teriam sofisticado a vida na terra”. Tudo indica que Darwin acreditava na geração espontânea, mas ele não se arrisca a dizer como a vida teria surgido, mas como ela teria evoluído. Um parênteses: depois, com Gregor Mendel e a genética, as pessoas passaram a dizer que Mendel corroborou a ideia de Darwin. Não! Mendel era um antidarwinista. Ele era um criacionista. Nas obras de Mendel está claramente que o genoma (a sequência completa de DNA) refuta Darwin. A informação do genoma é totalmente arbitrária. Não há como ligá-lo a forças naturais, a processos naturais. Descobrimos uma grande evidência contra Darwin. No livro A Caixa Preta de Darwin, Michael Behe mostra, por exemplo, que a sofisticação do mecanismo de coagulação do sangue só poderia ter sido projetada. Esse mecanismo é muito complexo. E no meu livro Antevidência, falo que alguém, de antemão, previu o problema da coagulação e providenciou a solução. Depois das propostas de Darwin, não coletamos evidência alguma. Não há no registro fóssil evidências em prol da evolução. Lá, a vida aparece pronta.
A teoria da evolução é uma hipótese?
A “teoria” da evolução nasceu como uma hipótese, e continuou como uma hipótese; nenhum dado a referendou. A ciência é assim: você lança uma hipótese e, para que ela se transforme em teoria, você precisa de dados, de evidências. O Hélio Schwartsman escreveu na Folha de S.Paulo que a evolução “é mais lei do que a lei da gravidade”. Isso é um absurdo! Em 2016 nós [do design inteligente] participamos de um congresso em Londres. E lá ouvimos, intramuros, eles dizendo que precisam criar uma nova versão da teoria da evolução, porque a velha narrativa não se sustenta mais. O evolucionismo de Darwin nasceu como hipótese e morreu como hipótese.
O establishment científico mantém o monopólio em prol de uma narrativa?
Sim. O evolucionismo surgiu em 1859, com a publicação do livro A Origem das Espécies. Nessa época o positivismo e o iluminismo estavam muito fortes, e a academia estava ansiosa por uma teoria que tirasse o Criador da jogada. Quando surge a teoria da evolução, ela é comprada facilmente. No livro A Fé dos Ateus, João Paulo Reis descreve como isso aconteceu. Um clube, o “Clube X”, foi montado só para divulgar a evolução. É uma propaganda. Não há incompatibilidade entre fé e ciência. Ao todo, 67% dos ganhadores do Prêmio Nobel eram pessoas que acreditavam em Deus. César Lattes, por exemplo, era católico. Ele disse que não cria nessas “bobagens”, como o Big Bang. A academia, infelizmente, fechou um pacto. E a evolução é um dogma acadêmico. Como resolver isso? Thomas Kuhn, na Estrutura das Revoluções Científicas, já respondeu: com paciência. Ele diz que todo grande dogma científico, como foi a geração espontânea por 17 séculos, demora muito tempo para ser vencido. Você tem três gerações: a primeira, que ignora o design inteligente; a segunda, que o combate; e a terceira que finalmente entende o design inteligente.
Excelente entrevista!!!! Aliás, entrevistas, livros, palestras e podcasts com o cientista e professor Marcos Eberlin são sempre repletas de conteúdo e muito conhecimento. Parabéns Marcos!! Parabéns Revista Oeste por trazer Marcos Eberlin!!!
Obrigado, Rachel!
Boa entrevista, mas muito do que o entrevistado falou e defende necessita ser ainda comprovado e certamente, por vivência própria, muito do que é falado ou teorizado não é necessariamente excudente.