A produtora Pixar mostrou que ainda está em forma com a continuação do primeiro Divertida Mente, de 2015. O original mostrava o que se passava na mente da criança Riley na sua relação com os pais e com os colegas de escola. Cada sentimento era um personagem tentando interferir na cabeça de Riley: a Alegria, o Medo, a Tristeza, a Raiva etc.
Em Divertida Mente 2 (Disney+), Riley chega à puberdade. E sua mente sofre um “golpe de Estado” com a chegada de novas sensações, todas destrutivas – a Vergonha, a Inveja, o Tédio, o Nojo e especialmente um dínamo incansável chamado Ansiedade. Riley passa a ter ataques de mau humor e deseja desesperadamente ser aceita no seu novo grupo social, o time de hóquei. Sua vida vira um inferno mental. Todos nós passamos por esse inferno. Chama-se “adolescência”.
Não é muito fácil acompanhar essa fase tumultuada na cabeça de Riley. São muitos personagens, numa intrincada rede de conceitos psicológicos. Mas o roteiro de Meg Le Fauve, Dave Holstein e Kelsey Mann (também diretor) nos conduz a torcer por Riley e não dispensa o final emotivo que eventualmente pode exigir um lenço. Visualmente a Pixar teve que desenvolver ao mesmo tempo a complexidade abstrata da mente de Riley e o realismo do jogo de hóquei.
Essa parte 2 tem algumas boas sacadas extras. Como a descoberta no armário de segredos de Riley que sua primeira paixão foi um personagem de game chamado Lance Slashblade, que aparece em cena com as limitações técnicas dos velhos consoles.
Outro ponto positivo desta animação é que parece se distanciar da política “woke” que tem degradado as produções da Disney. Uma das personagens do time de hóquei é muçulmana, e pronto. A diversidade é respeitada com discrição e naturalidade, como deveria ser a vida.