Um documentário apresentado no Festival de Sundance, neste domingo, 26, trouxe uma controvérsia antiga sobre a icônica fotografia da “garota do napalm”, tirada durante a Guerra do Vietnã. O filme afirma que a imagem, atribuída a Nick Ut, da agência de notícias Associated Press (AP), foi, na verdade, capturada por Nguyen Thanh Nghe, fotógrafo freelancer vietnamita.
O diretor de The Stringer, Bao Nguyen, disse na estreia que é “fundamental” divulgar essa história. A Associated Press, em resposta, realizou uma investigação interna que não encontrou evidências para desmentir a autoria de Ut, que é ganhador do Prêmio Pulitzer pela foto.
+ Leia mais notícias de Imprensa em Oeste
A ideia do documentário surgiu quando Carl Robinson, editor de fotografia da AP em Saigon, no Vietinã, na época, começou a discutir a origem da imagem. Robinson afirmou que recebeu instruções de Horst Faas, chefe de fotografia da AP em Saigon, para creditar a foto a Nick Ut.
Os cineastas identificaram Nguyen Thanh Nghe como um possível autor da fotografia, que aparece em outras imagens do ataque em Trang Bang, em 8 de junho de 1972. Nghe disse no filme que foi ele quem tirou a foto, enquanto Ut acompanhava a missão.
Para sustentar as alegações, a equipe do documentário contratou a Index, organização francesa de investigações forenses. A análise sugeriu que era improvável que Ut estivesse na posição correta para capturar a famosa fotografia.
AP pede provas sobre suposta autoria da foto da “garota do napalm”
A Associated Press, em sua declaração mais recente, reafirmou seu pedido para que os realizadores compartilhem todas as provas. “A AP está pronta para analisar todas e quaisquer provas e novas informações sobre esta fotografia”, afirmou.
O advogado de Ut, Jim Hornstein, alegou que Robinson, que tem uma “vingança de 50 anos”, está por trás das recentes alegações. Hornstein anunciou que uma ação judicial por difamação será movida contra os criadores do filme.
Nguyen, o diretor do filme, afirmou que a família de Nghe já discutia o assunto em círculos privados há anos. Gary Knight, fotojornalista e diretor executivo do projeto, mencionou o desequilíbrio de poder no jornalismo tradicional.
Robinson explicou que não reivindicou o crédito na época por temer perder o emprego e posteriormente achou que era tarde demais para falar. A redescoberta do nome do freelancer décadas depois motivou o debate atual.