No dia 17 de fevereiro de 1936 o mundo dos quadrinhos conheceu um novo herói. Um iate prestes a ancorar no porto de Nova York é atacado por um bando de piratas. A dona do iate, Diana Palmer, é defendida por um homem mascarado. Os dois se apaixonam.
No meio da história, o roteirista Lee Falk (também dramaturgo) resolveu que seu personagem, batizado O Fantasma, era digno de uma mitologia. Criou então a lenda da sua imortalidade – na verdade uma continuidade disfarçada de 21 gerações de combatentes contra os piratas desde o século 17.
Na história, o Fantasma mora numa caverna num país imaginário da África (Bengali), protegido por uma tribo de pigmeus. A cada Fantasma que morre, é substituido por seu filho. E o romance dele com Diana os levou a um dos primeiros casamentos “oficiais” do mundo dos quadrinhos.
Desenhado inicialmente por Ray Moore, o Fantasma foi mudando de artistas e estilo ano após ano, sem nunca sair do ar. Lee Falk, também autor da série Mandrake, escreveu seus roteiros até sua morte em 1999. As versões para série de TV e cinema não deram muito certo. Os quadrinhos continuam sendo sua mídia básica.
Por ser um líder de uma tribo africana, o Fantasma foi acusado pelas patrulhas ideológicas de ser um “dominador colonialista”. Isso nunca afetou sua popularidade. Mas a onda woke parece ter atingido a atual versão da história, publicada em tiras nos jornais. O nível artístico continua à altura da criação. Só que ultimamente os vilões tem sido chamados de “fascistas”. E existe uma impressão de que o atual Fantasma pode ser substituido por uma mulher. Vamos acompanhar, dia a dia, como fazemos desde 1936.