Não existe esperança para uma nação que conscientemente abriu mão de sua liberdade. Essa é uma verdade histórica na política moderna: toda tirania se instala num ambiente de crescente alienação da liberdade, dourado especialmente por mentiras ideológicas que prometem conforto, segurança e justiça social, temperado a muita covardia e acanalhamento do homem comum ante seus direitos basilares.
Cristopher F. Rufo dizia, em Revolução Cultural Silenciosa (Avis Rara), que o principal fator para uma derrota da cultura de liberdade está na alienação popular desse princípio ao Estado. É justamente o que contemplamos hoje no Brasil. Todavia, sinceramente não acredito que essa apatia durará muito. Até mesmo o mais arrematado cão acuado, surrado, quando se vê sem opções, escolhe o enfretamento como última saída. Até o covarde mais incurável tem uma linha de “chega” para iniciar uma reação.
Há inúmeras leituras para o momento autoritário pelo qual passamos atualmente, e, de Olavo de Carvalho a Antonio Risério, todos abordam temas centrais que estão levando à falência congênita dos órgãos de sanidade democrática do país. Independentemente do lado político do analista sincero, nota-se no Brasil atual há o esfarelamento do próprio sentido mais profundo de liberdade e Estado de Direito. Tem-se a sensação de um crescente cansaço intelectual dos brasileiros ante a política contemporânea, aliado a certa covardia e sentimento de “não há o que fazer” ante o avanço violento do “progressismo” autoritário liderado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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O brasileiro comum está acuado pela máquina estatal, vendo as forças policialescas de Estado sendo usadas para punir posições políticas e discursos que contrariam um roteiro oficial estabelecido por meia dúzia de “ditadores por despacho”. Nem mesmo os deputados e senadores estão a salvo, que dirá nós, habitantes do lado de lá dos muros do Olimpo.
A máquina de Estado da esquerda
De um lado, a esquerda, com sua máquina de Estado, aprofunda as perseguições políticas, indiciando padres, prendendo velhas e transformando tios do zap em terroristas que espancam estátuas e quebram vidraças. Do outro, temos uma oposição parlamentar machucada, que revida, mas sem força, presa em regimentos, estatutos e bons sensos que, no outro lado, são completamente ignorados.
O saldo final de tudo isso é somente um: cresce, neste instante, nos calabouços da psique do populacho, nas praças ocultas da sociedade brasileira, uma revolta muda, um escândalo ainda refreado pelo medo, mas estou convicto de que essa retração apenas retarda o rompimento inevitável. O que os chefes institucionais parecem não entender é que, a repressão injusta, fora dos limites democráticos, gera a sensação de que o único remédio para equilibrar ou superar esse mal se dará também fora dos limites estabelecidos.
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Como conservador, sou terminantemente contrário a revoluções e motins, no entanto, não precisa ser revolucionário para perceber que, quando as oficialidades dispensam o respeito aos limites gerais da Justiça, uma parcela cada vez maior da sociedade tenderá a ver nessa corruptela a permissão para usar dos mesmos meios ilegais para reagir. Não adianta fingir normalidade, pois, se hoje é fato a passividade medrosa da sociedade brasileira, não me parece ser irreal imaginar que uma reação à altura se dará num futuro próximo.
“Atualmente, não consigo vislumbrar um futuro para o Brasil que não passe pela prostração ideológica sob a mão de ferro do STF”
Pedro Henrique Alves
Este é o momento da direita sensata e da esquerda sensata, ambas com pés fincados num sentido comum de democracia pragmática, negociarem um recuo geral das forças do Estado e dos discursos ideológicos inflamados, em especial com relação ao STF. Como me ensinou um grande jornalista, “análise política não é futurismo irresponsável”, porém não acredito estar sendo irresponsável aqui ao notar que, atualmente, não consigo vislumbrar um futuro para o Brasil que não passe pela prostração ideológica sob a mão de ferro do STF, ou por um despertar revolucionário à direita, sob o custo de vidas e da paz social.
Creio profundamente que estamos entrando numa zona crucial de sobrevivência democrática para o Brasil. É agora que deveriam aparecer aqueles homens e mulheres capazes de chamar à normalidade as posições extremas dos agentes políticos do país. Aqueles poucos capazes de dialogar entre os campos e trazer à consciência dos juízes-tiranetes o que realmente está em jogo, que, num terreno de revolução, ninguém está a salvo, nem eles próprios.
Se essa corda se mantiver tensionada como está atualmente, o que nos resta dessa surrada democracia estará com os dias contados, o que hoje é medo e silêncio pode se verter em revolta e levante. E, se isso acontecer, ou melhor, quando acontecer, tenhamos em mente aqueles que causaram tudo isso, para não cairmos nas velhas propagandas ao estilo soviético daqueles que vivem sob uma jocosa mentira compulsória a fim de justificar suas sanhas ditatoriais.
Quem tiver ouvidos, que ouça.
Eu não acredito em nenhum tipo de levante .infelizmente.
O dia 8 mostrou isso , o brasileiro não se revolta por e para nada ,,,, ele se “adapta” à situação utilizando o “jeitinho brasileiro” , é individualista , só se preocupa em ajeitar o próprio lado e não tem espírito de corpo infelizmente ,e o sistema sabe disso, e aproveita isso ao máximo , e assim se sente seguro. e se quer saber , está seguro de si sim senão não estaria fazendo o que faz despodurádamente e se tiver que acontecer algo terá que vir de fora e mesmo assim os brasileiros vão ficar só na torcida , e ólhe lá se ainda não acabarem defendendo o sistema contra um “inimigo externo” ,,,, não duvidem disso.
É……convenhamos que realmente o sistema sabe trabalhar., e o brasileiro médio sabe obedecer , não é mesmo?
Muito bom!👏👏👏💪💪🇧🇷🇧🇷
Como chegamos a este ponto, o da ditadura suprema? De um poder institucional que não tem um único miserável voto, usurpar os outros dois poderes? Ou fazer um conluio com um deles? E com o outro também? Como chegamos neste ponto onde o presidente da Câmara Federal faz um protesto fraco e tardio contra os abusos perpetrados há 6 anos e o presidente do Senado sistemática se ajoelha ao STF quando o único pode pode dar início a uma reação constitucional. A coisa vai além da covardia dos dois líderes, notadamente o segundo, eles, juntamente com todo o STF, STJ, TSE, e o conjunto do judiciário estão escrevendo o que será, pelos séculos a vir, os piores anos da história do Brasil como nação. A taça já está cheia, cheia de fel, cheia de desilusão, cheia de revolta reprimida, cheia de desesperança, cheia de asco. A última gota esta suspensa no ar. Eles não veem, mas a gota vai cair.
Olha, falando em covarde: primeiro Bolsonaro diz que vai fugir. Agora está jogando a trama golpista em cima do Heleno e do Braga Neto
Não vislumbro nenhuma reação por parte do povo brasileiro, ele não lê, não se informa e votar não resolve porque quem conta os votos é a urna. Do parlamento 80% só querem pix, ainda q consigam pautar impedimentos de ministros do STF, os senadores vão se venderem, e não passará o impedimento. Resta somente a ajuda de fora, e a barriga do povão, quando não der pra comer ,aí poderá esboçar algum levante.
Perfeito! Todos indignados com a situação econômica e a ditadura.
O povo está indignado com tanta perseguição política, a tirania do STF já ultrapassou todos os limites. Se dizem defensores da democracia o que é uma grande balela, atuam como DITADORES
País com presos políticos julgados sem-o devido processo legal, alguns exilados políticos, ique fugiram do ditador Moraes, isso é democracia?
Parabéns pela excelente e lúcida análise!
Tão quão a revolução francesa, quando teremos a nossa brasileira ….
Tão quão a revolução francesa, quando teremos a nossa brasileira ….
Eu penso que enquanto a economia do país for saudável, o cidadão comum dificilmente se mobiliza em razão de prisões arbritárias, cerceamento de liberdade de expressão, avanço autoritário do STF, etc, pois tudo isso não faz parte do cotidiano do afegão médio. Ele pouco se importa se as redes sociais estão sendo ameaçadas ou se estão condenando a 17 anos de prisão alguém que rabiscou uma estátua com baton. Isso não interfere no seu dia-a-dia enquanto ele consegue trabalhar e sustentar sua familia minimamente. Mas estamos agora num novo momento, onde a segurança pública está um caos e a economia está indo para o buraco. O cidadão comum começa a despertar para o fato de que não pode andar na rua sem ter seu celular roubado e que já não consegue mais comprar no supermercado a mesma quantidade de comida que comprava no final de 2022. O dólar batendo em 6 reais, a gasolina pela hora da morte, já começa a despertar certa revolta. Mexeu no bolso, começa a incomodar. Agora eu vislumbro que possa haver alguma reação. E espero que venha logo. Parabéns pelo artigo!
Se continuar desta forma , o confronto será inevitável, infelizmente.