O norte-americano Paul Schrader não é considerado um dos maiores roteiristas de Hollywood por caso. Taxi Driver (1976), Trágica Obsessão (1976), O Gigolô Americano (1980), Touro Indomável (1980) e A Última Tentação de Cristo (1988) são alguns exemplos dos roteiros de Schrader que se tornaram clássicos na antologia do cinema. Assim, sendo ele uma das mentes mais criativas na arte da escrita cinematográfica, é no mínimo curiosa a revelação feita por ele em sua conta no Facebook.
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O roteirista contou que solicitou ao ChatGPT, um dos mais conhecidos chatbots de inteligência artificial (IA), para criar ideias de filmes para uma variedade de renomados cineastas, incluindo ele mesmo, e de acordo com as características de cada um. De acordo com Paul Schrader, os resultados foram mais do que satisfatórios.
“ESTOU SURPRESO. Acabei de pedir ao ChatGPT ‘uma ideia para o filme de Paul Schrader’. Depois Paul Thomas Anderson. Depois Quentin Tarantino. Depois Harmony Korine. Depois Ingmar Bergman. Depois Rossellini. Lang. Scorsese. Murnau. Capra. Ford. Spielberg. Lynch”, contou Schrader no post. “Toda ideia que o ChatGPT teve (em alguns segundos) foi boa. E original. E desenvolvida. Por que os escritores deveriam ficar sentados por meses procurando uma boa ideia quando a IA pode fornecer uma em segundos?”
Tom Hanks, Nicolas Cage e Cate Blanchett criticam a invasão da IA
Entre os mais de 300 comentários no post, muitos parabenizaram a humildade de Schrader em reconhecer o poder das novas tecnologias. Evidentemente, nem todos estavam em concordância com o premiado roteirista, lembrando que a IA precisa contar com escritores e materiais preexistentes para criar algo supostamente novo. Entre os que discordam está, por exemplo, o ator e diretor Tom Hanks, que já em 2023 chegou a criticar o uso da inteligência artificial no cinema. À época, numa greve, os atores de Hollywood exigiam maiores proteções dos estúdios contra o uso da ferramenta. Os atores Nicolas Cage e Cate Blanchett também fizeram coro e criticaram a invasão da IA na indústria do entretenimento.
Schrader, no entanto, prefere encarar a IA como aliada e uma ferramenta positiva na produção cinematográfica. Durante aquela mesma greve da WGA em 2023, o roteirista opinou sobre o debate em meio às negociações de forma sarcástica, alegando que o sindicato “não tem medo da IA tanto quanto tem medo de não ser paga”. Schrader provocou a todos e afirmou que a IA pode produzir um novo episódio de CSI: Vegas “em questão de segundos”. “E será bom, vai eliminar todos os episódios de CSI dos últimos 20 anos e criar algo genérico e contemporâneo.”
Eu gostaria de ver a inteligência artificial fazer coisas que os humanos não conseguem fazer. Não é um desafio. É um anseio. Nem todos os seres humanos são capazes de escrever um roteiro de cinema. Mas muitos conseguem e vivem disso. Não temos necessidade de ter um roteiro escrito em cinco minutos. No entanto, ganhamos muito com milhões de cálculos serem feitos em segundos. Ganharemos muito com a IA nos levando à cura do câncer. Agora usar IA para o que conseguimos fazer não me parece uma aplicação inteligente para a IA. É como gastar fortunas para fazer carros autônomos. Isso já existe: pode ser chamado de táxi, de Uber, etc. eu acho que essas aplicações da IA que simplesmente são para fazer o que já fazemos não passa de deslumbramento. É como se estivéssemos em 2007 brincando de Talking Tom no iPhone 2g
Parabéns pelo comentário! Bastante assertivo.