Uma tela atribuída à pintora Tarsila do Amaral, exposta na feira SP-Arte, passou a ter sua autenticidade questionada. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, uma pessoa próxima à organização do catálogo da artista disse — em condição de anonimato — que o quadro não foi feito pela artista. A tela é avaliada em R$ 16 milhões.
Jones Bergamin, da maior casa de leilões do país (Bolsa de Arte), concorda com essa avaliação. “A obra não é autêntica, caiu de paraquedas de algum lugar que ninguém sabe de onde, sem histórico”, disse a o jornal. “É um pastiche.”
Ele comandou a venda do quadro “A Caipirinha”, de Tarsila, arrematado por R$ 57,5 milhões em 2020.
“Dezesseis milhões é um absurdo de dinheiro”, observou Bergamin. “Se fosse autêntica, ela seria mais valiosa do que R$ 16 milhões. Deveria valer R$ 25 milhões, R$ 30 milhões. Conheço e trabalho com Tarsila há muitos anos.”
Já o galerista Thomaz Pacheco, que pôs o quadro à venda, rechaçou esse argumento e acredita que a obra é verdadeira.
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A SP-Arte, por sua vez, esclareceu que a tela nunca foi aprovada para exposição na feira e que não tinha conhecimento de sua presença. A obra foi revelada aos convidados da feira em uma mala acolchoada.
Suposta tela de Tarsila do Amaral está sob avaliação
A tela passa por testes para verificar sua legitimidade. Análises técnicas estão sendo realizadas por Fabiana Trindade, da Universidade Federal do ABC, para comparar a composição da tinta com outras obras certificadas de Tarsila.
Depois, Thomaz Pacheco pretende buscar a avaliação de Aracy Amaral, renomada especialista na obra da artista.
O proprietário da tela, um homem de 60 anos com raízes no Líbano, consultou galeristas que afirmaram a autenticidade da obra. Ressaltaram, no entanto, que o processo de certificação seria longo. A tela, por não constar no catálogo raisonné de Tarsila, e por exigir a aprovação de especialistas, ainda carece de validação definitiva.
A obra, que retrata casinhas entre coqueiros, foi descrita como um presente de casamento dado em 1960. O quadro sobreviveu a ataques em 1981, no Líbano, e permaneceu enterrado sob um piano. Depois das mudanças de cidade, a tela foi trazida recentemente para o Brasil pelo proprietário, que temia conflitos futuros na região.
Thomaz Pacheco explicou à Folha que a ausência da obra no raisonné se deve ao fato de estar fora do Brasil durante a produção do catálogo. A SP-Arte, ao ser informada dos questionamentos sobre a autenticidade, solicitou a documentação de comprovação da obra, que estava guardada no cofre da galeria em São Paulo.
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