Em um campo de refugiados entre a Síria e a Turquia, uma mulher que distribui alimentos em um caminhão, é acusada de pertencer ao Estado Islâmico. Na série O Véu, a realidade da região é apresentada de um modo que faz o drama verídico se tornar entretenimento. Sem perder a seriedade.
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A mulher, Adilah El Idrissi, interpretada por Yumna Marwan, é salva, antes de ser linchada, pelos responsáveis locais e levada para uma tenda, isolada. Neste momento, a agente Imogen Slater (Elisabeth Moss) do francês M16, vai ao local para averiguar a situação. “Eles têm motivos para te atacar?” É a pergunta que a agente faz para a suspeita, que confirma participação no grupo, mas nega ter alguma identidade com o mesmo.
Desprotegidas, elas são atacadas por pessoas que invadem a tenda. Conseguem se livrar. Ambas então iniciam uma viagem de carro rumo a Istambul, por uma estrada que corta regiões com desertos de gelo.
No caminho, constroem uma relação afetiva, mas sempre conturbada por uma desconfiança silenciosa.
Ao se declarar inocente e vítima do grupo, Adilah nega ser uma terrorista que no momento organiza um atentado grande em algum ponto da Europa, conforme desconfia Malik Amar (Dali Benssalah), namorado de Imogen e membro do M16 em Paris.
Em tom de vitimização, Adilah diz que teve de abandonar a filha em Paris, porque foi obrigada a entrar no grupo terrorista.
A Central Intelligence Agency (CIA), então, por meio do agente norte-americano, Max Peterson (Josh Charles), entra em cena. Com a certeza de que ela é a terrorista procurada. E não tem nada de inocente.
O agente traz para a trama o repúdio da Inteligência dos Estados Unidos ao estilo dos franceses. “Ah, você não sabia porque estava em horário de almoço”, diz Peterson ao colega Amar, em tom de deboche.
A série, que pode ser vista no Star+, caminha por esse enredo que mistura ficção e realidade geopolítica. E que leva o telespectador a conhecer mais de perto o universo do terror. Nos diálogos pela estrada, nas paradas em postos, nas recordações da infância na França.
Expõe o autoengano de colocar nas dificuldades naturais da vida a causa para a entrada em um grupo extremista. Pessoas afáveis e inseguras, como muitas das que nos cercam no dia a dia. E que, sem imaginarmos, podem muitas vezes desejar que o mundo se exploda. Pior são as que realizam na prática. Essas, o Estado Islâmico convence. Resta saber se Adilah é mesmo uma pessoa comum, um monstro ou ambos.