No início dos anos 1960 ele era um dos muitos pianistas com formação de jazz tocando a nascente bossa nova em bares do Rio. Muitos surgiram e sumiram. Um deles se chamava Sergio Santos Mendes.
Em 1964 Sergio Mendes foi para os EUA e encontrou seu lugar. Os americanos estavam apaixonados pelo novo ritmo, que havia se tornado símbolo de sofisticação e alegria. Todos os grandes astros pop estavam se rendendo de um jeito ou de outro à batida.
Sergio Mendes foi além. Ele adaptou a bossa nova ao pop internacional, e vice-versa. Largou a “pureza” da música brasileira e entrou de cabeça no caldeirão de influências. Estourou nas paradas com uma versão muito própria de “Mas Que Nada”, de Jorge Benjor. Não tinha problemas de consciencia em fazer versões de MPB em inglês. Fez até o super astro galês Tom Jones aprender a soletrar a palavra “maracatu”:
Fazia também o caminho inverso. Transformou música dos Beatles em bossa nova – e alguns consideram seu “Fool in the Hill” melhor que o original:
Os segredos de Sergio Mendes: cabeça aberta para arranjos inovadores e cantoras de alto nível como Gracinha Leporace e a excepcional Lani Hall. Seu auge foi a década de 1970. Depois Sergio virou um músico pop mais convencional. E caiu no esquecimento.
Em 2022 o produtor Will.I.Am e seu grupo Black Eyed Peas fizeram uma nova versão das músicas de Sergio Mendes, incluindo essa versão meio rap de “Mas Que Nada”:
Com toda sua importância, Sergio Mendes foi tratado muito mal pelas chamadas elites culturais brasileiras. Por quê? Ora, ele se “vendeu ao imperialismo”. Cantou em inglês. Isso é pecado. Mas nunca a música brasileira ficou tão conhecida no mundo desde os tempos de Carmem Miranda (que também “se vendeu ao imperialismo”).
Felizmente sua vida foi registrada no documentário Sergio Mendes – No Tom da Alegria, disponível pelo Max. O documentário mostra a incrível ligação do músico com a nata da música pop mundial. Um dos momentos mais curiosos acontece quando Sergio decide montar um estúdio no quintal de sua casa em Los Angeles. E chama para o serviço um carpinteiro bonitão desconhecido chamado Harrison Ford.