“O sucesso consiste em ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”
Winston Churchill
Em seu livro Sofrendo Feliz da Vida, alegria e angústia de ser brasileiro, o escritor Rubens Figueiredo destaca o fato de o Brasil estar em quinto lugar no ranking internacional de felicidade, de acordo com o instituto Global Happiness 2023. O autor salienta, no entanto, que a posição não é compatível com a realidade do brasileiro, em virtude de todos os problemas que o cidadão enfrenta.
Metade dos adultos, por exemplo, ganha menos de R$ 13 mil por ano. Além disso, o Brasil está entre os oito países mais desiguais do mundo. “Nossa sociedade é violenta, com Justiça morosa e grande parte da população encarcerada”, destaca o autor. “Quase 50 milhões de pessoas — pouco mais que a população da Espanha — vivem sem saneamento básico adequado. Ocupamos as piores posições nos levantamentos internacionais de qualidade da educação.” Por esse motivo, Figueiredo começa o livro com uma pergunta simples: “O brasileiro é, de fato, feliz?”
No livro Sofrendo Feliz da Vida, Figueiredo mostra o jeito peculiar do brasileiro
No livro, Figueiredo mostra o jeito peculiar do brasileiro. Para isso, ele usou alguns exemplos. Um deles é o do jornalista e escritor gaúcho Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971). Por meio de seu jornal, A manhã, ele mostrava sua irreverência ao fazer gozações com autoridades, o que lhe rendeu várias ameaças.
Em 1910, a título de exemplo, ele publicou uma brincadeira com a Revolta da Chibata, ocorrida na Marinha brasileira naquele ano. Ao que tudo indica, os militares não gostaram. Cinco marinheiros sequestraram Barão de Itararé enquanto ele saía de casa. O torturaram e lhe rasparam a cabeça.
O sofrimento do sequestro, no entanto, não o fez perder o espírito de irreverência, que está na alma de todo brasileiro. Assim que voltou a trabalhar, colocou uma placa na porta da redação: “Entre sem bater”.
Barão de Itararé cultivou o humor ao longo de uma vida marcada por tragédias. A mãe suicidou-se quando ele tinha dois anos, em 1897. Zoraide, sua segunda mulher, morreu em 1935, de câncer. Juracy, a terceira mulher, morreu em 1939, de leucemia. Em 1944, Arly, sua filha, morreu em razão de uma apendicite. Isso, contudo, não o impediu de fazer humor de alto nível. Esse foi um exemplo para mostrar a habilidade de o brasileiro de fazer brincadeiras em meio a tantos flagelos, além de fazer piadas diante de tantas perdas.
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Outro exemplo ocorreu na Copa do Mundo de 2014. Na competição, o Brasil perdeu de 7 a 1 da Alemanha, mas torcedores brasileiros disseram que nem a Volkswagen conseguiu fazer quatro gols em seis minutos. A brincadeira faz alusão ao modelo Gol, o carro mais vendido no país, e os quatros gols sofridos pela seleção num intervalo de seis minutos.
Paradoxo em relação à felicidade
A Oeste, Figueiredo disse que há um paradoxo em relação à felicidade do brasileiro. “Somos aqueles que trabalham para sobreviver”, diz o autor. “Mas, mesmo assim, somos um povo feliz.”
Além disso, Figueiredo destaca outro paradoxo, ainda maior. “Há outra questão que chama a atenção”, explica. “Há uma pesquisa que diz que 83% dos brasileiros são felizes. No entanto, quando você esmiúça a pesquisa, verifica-se que o brasileiro não está satisfeito com os aspectos de sua vida.”
O autor diz que quanto mais desigual a sociedade, mais problemas existem e, portanto, mais infelizes são as pessoas. Então, por que o brasileiro está fora dessa média? Segundo Figueiredo, isso ocorre em razão da formação cultural do Brasil, que, segundo ele, é distinta.
Trata-se de uma cultura que mistura índios, negros, portugueses e outros tipos de sociedade. Portanto, essa mistura faz o brasileiro ser único. No livro Sofrendo Feliz da Vida, alegria e angústia de ser brasileiro, Figueiredo se aprofunda nesse tema e responde por que o brasileiro é feliz.