Você pode adorar ou desprezar Sylvester Gardenzio Stallone. Mas não pode negar que o cineasta e ator é um dos ícones mais marcantes da cultura pop. Stallone soube mexer com o imaginário popular ao criar personagens feitos para durar. Rocky, o Lutador (1976) o tirou da pobreza para um Oscar de melhor roteirista e muito dinheiro. Rambo (1982) foi uma criação que saiu das telas para as lojas de bonequinhos de super-heróis. São personagens que vieram para ficar na mitologia do século 20, perpetuados por várias sequencias.
Sly (2023, na Netflix) é o primeiro documentário sobre Stallone. Tem um toque chapa branca. O filme erótico que estrelou por 200 dólares em 1970 (“The Party at Kitty and Stud’s“), por exemplo, não é citado. Mas Sly é um retrato muito interessante de um homem conhecido no mundo inteiro e que soube mexer com o imaginário popular, usando a si mesmo como modelo.
A história de Sylvester Stallone tem duas bases principais. Uma é a fuga da pobreza persistente através de um trabalho criativo. A outra base tem um fundo freudiano: Sly tinha grandes problemas de relacionamento com seu pai, Frank, um sujeito durão, bruto, ameaçador. “Rambo era meu pai”, resume. A cena em que o pai pede perdão à beira da morte é dramática.
O documentário é centrado em seus trabalhos mais conhecidos e alguns de seus grandes fracassos. Faltaram ou foram tratados superficialmente muitos detalhes interessantes da sua carreira, em filmes como Victory (onde contracenou como Pelé), Staying Alive (a super fracassada sequência de Embalos de Sábado à Noite) Judge Dredd (um filme que tem muito a ver com a situação atual do Brasil) e a boa série cômicaTulsa King, que está para ganhar sua segunda temporada.