A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é mais uma entidade a se posicionar publicamente contra a ideia do governador João Doria (PSDB) em aumentar o ICMS de produtos e serviços no Estado paulista. Presidente da entidade, Paulo Skaf criticou a possibilidade de o empresariado e o público paulista em geral ter de conviver com novos e mais impostos. Ele falou sobre o assunto na noite desta sexta-feira, 8.
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Ao ser entrevistado pela rede Jovem Pan, Skaf foi no mesmo caminho apontado na véspera pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp). Isso porque, pressionado, Doria anunciou a manutenção da isenção do ICMS para determinados segmentos, como o de defensivos agrícolas. Até agora, no entanto, a promessa feita pelo tucano não apareceu em decreto ou algum outro documento oficial. “Não adianta o governador fazer notinha para a imprensa”, reclamou o presidente da Fiesp.
Fora o interesse de acompanhar a publicação do decreto revertendo a decisão sobre o ICMS, Skaf classificou como “absurdo” qualquer estratégia governamental que passa por aumento de impostos, principalmente num momento em que os mais diversos setores da economia brasileira tentam se recuperar de vez dos impactos causados pela pandemia da covid-19. Nesse sentido, garantiu que o Estado de São Paulo chegou a aumentar a arrecadação em 2020 (no comparativo com o ano anterior).
O executivo da Fiesp, e que foi derrotado por Doria nas eleições de 2018, aumento de ICMS ou outro imposto vai além de afetar somente grandes companhias. “Além de prejudicar muito as empresas, dificultar a recuperação da economia e da geração de empregos, [aumentar impostos] prejudica o consumidor final”, afirmou ao participar do programa Os Pingos nos Is, onde respondeu a questionamentos de Ana Paula Henkel, colunista da Revista Oeste.
Pato de volta?
Diretamente na parte de indústrias, Paulo Skaf coloca no ar o risco de o aumento do ICMS fazer com que empresas deixem de atuar no Estado de São Paulo. Nesse sentido, falou do que classifica como “guerra de tributos”, onde corporações optam por mudar suas bases de um local para o outro do país caso sejam atraídas por isenções e outras medidas que resultem em menos carga tributária. Com carga elevada, determinado Estado deixa, inclusive, de atrair novas empresas e novos investidores.
“O pato está começando a despertar”
Caso o aumento do ICMS em São Paulo seja mantido por João Doria, a Fiesp pode reativar um objetivo que ganhou vez na Avenida Paulista, na capital paulista, anos atrás em meio a protestos contra Dilma Rousseff. “O pato está começando a despertar”, disse o presidente da Fiesp em relação ao gigante boneco inflável que chegou a virar meme. “Caso for necessário, ele [o pato] vai voltar às ruas e fazer uma visita no Morumbi”, prosseguiu, mencionando, assim, o bairro onde fica o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.