A companhia aérea brasileira Azul contratou um escritório de advocacia europeu para cobrar uma dívida da cerca de R$ 1,2 bilhão da portuguesa TAP. Isso pode barrar os planos de privatização da aérea, que tem a Lufthansa como interessada. As informações são do portal UOL.
O grupo alemão seria um dos candidatos a adquirir parte do controle da TAP, que foi privatizada e reestatizada novamente nos últimos anos, mas os compradores não estariam cientes dessa dívida.
Procurada pelo UOL, a Lufthansa disse que não comentaria o assunto. A dívida da TAP com a Azul remete a 2016, quando a companhia portuguesa emitiu um bond no valor de 120 milhões de euros e com juros de 7,5% ao ano.
Esse é um tipo de empréstimo que obriga a empresa que emitiu o título a restituir o valor completo depois de um determinado prazo e pagar juros periodicamente.
O empréstimo da Azul
A Azul assumiu 90 milhões de euros do bond, que venciam em 10 anos, mas que poderiam ser convertidos em ações da TAP.
Como a empresa optou pela reestatização, sobrou apenas a possibilidade de devolver o valor investido pela aérea brasileira, já que não há chances de conceder o controle acionário em meio ao processo de privatização, o que coloca em risco a negociação.
Hoje, esse empréstimo ultrapassa os 189 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão), sendo 90 milhões do valor inicial e mais 99 de juros até 2023 de acordo com a imprensa portuguesa.
O detentor dessa dívida é o Estado de Portugal, que controla a empresa. O UOL procurou a TAP por meio de sua assessoria no Brasil e em Portugal, mas não obteve uma resposta.
Privatização da TAP
No começo da década passada, a TAP iniciou um processo de privatização. No fim de 2015, parte do capital da empresa foi vendido para o consórcio Atlantic Gateway, que tinha participação do norte-americano David Neeleman, fundador da Azul, mas que hoje detém apenas cerca de 2% da empresa brasileira.
Diante de conflitos, ao fim de 2020, a empresa voltou a ser controlada pelo Estado português. No começo do mês, o jornal SIC Notícias revelou que a Inspeção-Geral de Finanças de Portugal concluiu que a empresa foi comprada por Neeleman com dinheiro da própria TAP, por meio de um empréstimo que tinha a dinheiro da própria empresa como garantia.
As informações têm como base uma investigação realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito que analisou as políticas e a gestão da TAP.
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