Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou as tarifas sobre aço e alumínio importados, o que impacta significativamente os produtores brasileiros. Em 2024, o Brasil exportou US$ 9,3 bilhões em ferro, aço e alumínio, com US$ 4,4 bilhões destinados aos EUA.
Trump justificou a medida como necessária para recuperar empregos no país. O presidente mencionou questões como segurança nas fronteiras com o México e o Canadá, além do tráfico de fentanil pela China.
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“O presidente Lula tem dito sempre com muita clareza, outros países também, que guerra comercial não faz bem para ninguém”, afirmou o ministro das Relações Institucionais do Brasil, Alexandre Padilha. “O Brasil não estimula e não entrará em nenhuma guerra comercial. Sempre seremos favoráveis a que se fortaleça cada vez mais o livre-comércio.”
Brasil critica Trump e adota medidas similares
Apesar das críticas, a economia brasileira é considerada relativamente fechada. Em 2023, o índice de abertura comercial foi de 33,85% do Produto Interno Bruto (PIB), o que superou o dos EUA com 25%.
Ainda assim, o Brasil está atrás de economias desenvolvidas como as da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média mundial e a América Latina e Caribe. O índice reflete a soma das exportações e importações em relação ao PIB.
No Brasil, o sistema tarifário é regulado pela Tarifa Externa Comum (TEC), do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em vigor desde 1994. As alíquotas variam de zero a 20%, com uma lista de exceção que permite ajustes.
Em caso de desabastecimento, o governo pode retirar itens da sobretaxa. Em 2022, o Brasil reduziu as alíquotas da TEC em 10% para ampliar a competitividade local e integrar o Mercosul ao comércio internacional.
Instituto defende abertura comercial
Welber Barral, presidente do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional (IBCI), afirma que a abertura comercial aumenta a concorrência e os investimentos. Ele sugere que setores competitivos ganham eficiência ao enfrentar desafios internacionais.
“Não dá para ser irrealista, doutrinário”, afirma Barral. “Nos produtos em que o Brasil é muito competitivo, sofre muita barreira comercial. Em produtos agrícolas, carnes e aços, por exemplo.”
Cornelius Fleischhaker, economista do Banco Mundial no Brasil, afirma que o país deve se integrar mais às cadeias globais de valor para melhorar a produtividade. Apesar de desafios como um sistema tributário complexo e falta de mão de obra qualificada, ele acredita no potencial de crescimento do Brasil.
O acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, que ainda aguarda ratificação, é visto como uma oportunidade para aumentar a abertura econômica do Brasil. Fleischhaker sugere que uma maior abertura pode incentivar investimentos em mão de obra qualificada e aumentar a produtividade, um desafio do Brasil nas últimas décadas.