Para executivos do país do norte da Europa, é necessário garantir uma ação coordenada no enfrentamento da crise causada pelo coronavírus
Dois executivos de grandes empresas suecas pediram uma coordenação global contra o coronavírus com o objetivo de garantir que as indústrias possam retornar a produção assim que for seguro.
O CEO da fabricante de caminhões Scania, Henrik Henriksson, afirmou ao Financial Times que as cadeias de produção estão muito integradas na Europa e que é vital que retirada das restrições de movimento seja feita de forma simultânea. “Se não reiniciarmos de forma coordenada, estaremos em séria dificuldade”, afirmou.
Johan Torgeby, CEO do banco SEB, disse que que o sistema bancário é “muito estável”, mas que os reguladores e o governos devem tomar cuidado para não exigir muito. “Estou preocupado que podemos acabar criando um crise bancária junto com a crise do coronavírus e a econômica”, disse Torgeby.
Os empresários e executivos suecos são as vozes mais críticas sobre as medidas que estão sendo tomadas no continente para combater a pandemia.
O banqueiro e industrial sueco Jacob Wallenberg disse na última semana que teme uma depressão econômica e compulsão social. Segundo ele, os governos não estão “tomando uma perspectiva de longo prazo”.
Aos contrário dos seus vizinhos europeus, a Suécia não fechou escolas e nem as fronteiras em meio à pandemia. Para Henriksson, isso está acontecendo porque o país ainda não foi muito atingido pelo vírus. Ele destaca que a Suécia possui uma longa tradição de sempre ouvir especialistas e cientistas sobre como responder a situações de crise.
A Scania na última semana deu férias para todos os seus funcionários no país, 19 mil no total. Todas as plantas da empresa na Europa e nos América latina tiveram que parar porque não conseguem peças de “cerca de 60-70 fornecedores. Henriksson afirma que as autoridades devem apresentar um plano para relaxar as restrições e facilitar o trânsito de mercadorias.
Johan Torgeby afirma que a crise atual é diferente que qualquer coisa que alguém do setor bancário já tenha experimentado. Ele argumenta que as restrições de movimentos e a imposição de leis de emergência em muitos países, se assemelha mais a “tempos de guerra ou de desastres naturais”.
Segundo o CEO do SEB, o sistema bancário possui três “pedras angulares” em uma crise: capital regulatório, atratividade para investidores de fora e a responsabilidade com os clientes e a sociedade.
O SEB postergou o pagamento de dividendos para os seus acionistas, “o que nos dá algum tempo até que esses pagamentos sejam apropriados”, disse Torgeby. Ele afirmou também que é importante “cuidar das pessoas que confiam o seu dinheiro para nós”.
“Existe um grande risco: quais são os efeitos colaterais dessas medidas em relação aos custos da própria doença. Não é uma coisa contra a outra, é tentar otimizar o impacto na sociedade”, concluiu Johan Torgeby .