A cidade de Inocência, em Mato Grosso do Sul, fica a 330 km de Campo Grande, tem 8.404 habitantes e é uma das menos densamente povoadas do Brasil. Apesar disso, o município está prestes a passar por uma transformação significativa: ele será a sede da nova fábrica da Arauco, uma grande empresa chilena de celulose.
A terraplanagem está programada para começar no segundo semestre, com as obras previstas para o início de 2025. O projeto, avaliado em R$ 28 bilhões, traz expectativas e preocupações.
Recentemente, o prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo Danieze (PT), compartilhou sua experiência com a instalação da fábrica da empresa Suzano. Em 2021, a cidade, de 21 mil habitantes, recebeu um influxo de 6 mil a 7 mil pessoas.
O impacto foi significativo, com aluguéis que subiram de R$ 700 para R$ 2,5 mil. Foram construídos campos de futebol para os operários. A população cresceu de 23 mil para 35 mil, o que exigiu mais policiamento, médicos e programas de assistência social em parceria com a Suzano.
Apesar dos relatos, o prefeito Antônio Ângelo Garcia dos Santos, conhecido como Toninho da Cofapi (PP), está otimista sobre o crescimento da cidade e busca garantias para evitar uma “invasão” de trabalhadores temporários em Inocência.
A meta é impedir que a infraestrutura ao redor do canteiro de obras sobrecarregue os sistemas de saúde e cause uma crise imobiliária.
“Sentimos que temos a colaboração da Arauco, mas os operários da fábrica ficarão hospedados a 40 km da cidade”, disse ao jornal Folha de S.Paulo. “Não virão para cá. E, por lei municipal que assinamos, nada de infraestrutura poderá ser construída em volta do canteiro de obras. Precisamos garantir o nosso futuro. Será construído um condomínio para os funcionários quando a fábrica estiver em funcionamento, e a Unimed vai se instalar na cidade, prometeram.”
Desafios administrativos e econômicos
O professor de arquitetura e urbanismo da PUC Campinas Fabio Muzetti destaca a necessidade de políticas públicas para lidar com a pressão e o aumento dos custos.
“É uma questão delicada, porque o dinheiro demora para vir”, explicou à Folha. “É uma indústra que tem um faturamento 20 vezes maior que o da prefeitura e vai trazer uma demanda que a cidade não vai dar conta. A pressão é grande e se faz necessário desenvolver políticas públicas. Tudo fica mais caro.”
Gustavo Fernandes, professor de administração pública da FGV, reforça que ter muito dinheiro de repente é diferente de ser rico e menciona o exemplo do Rio de Janeiro, que recebeu R$ 11,3 bilhões em royalties do pré-sal, mas ainda enfrenta crises financeiras.
Indústria de celulose e investimentos
A indústria de celulose precisa de grandes espaços de terra para florestas e atrai megainvestimentos para pequenos municípios fora das capitais. O Brasil tem 53 companhias de celulose em operação, com Mato Grosso do Sul como o segundo maior exportador.
Em 2022, o Estado embarcou 4,46 milhões de toneladas, o que representou 18,2% do faturamento nacional com celulose.
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O maior problema nesse tipo de indústria, é o cheiro insuportável. Tem uma aqui não região de Ribeirão Preto, mais precisamente em Luiz Antônio, que o cheiro é muito forte. Que venham com novas tecnologias, para que isso não oocorra também nessa nova fábrica.