Em ata divulgada nesta terça-feira, 26, os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foram unânimes em admitir a possibilidade de novos cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. O ritmo da queda da taxa básica de juros, no entanto, não será acelerado.
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De acordo com a emissora CNN Brasil, documento do comitê avaliou que esse é o “ritmo apropriado” para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. A política contracionista tem como meta, a saber, o controle da inflação no país.
“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, informa a ata do Copom.
A avaliação é de que o “cenário inspira cautela”, acrescenta o documento. Não há, assim, sinais de que haverá um aperto além do necessário para direcionar a inflação para a meta, hoje em 3,25% ao ano. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
“O comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, afirma o Copom, em trecho da ata divulgada nesta terça. “Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação”.
A decisão do Copom ocorreu na quarta-feira 20 e seguiu as expectativas do mercado. A redução levou a taxa Selic de 13,25% para 12,75% ao ano. Atingiu, com isso, o mesmo patamar de maio de 2022, momento em que os juros estavam em ritmo de alta.
O comitê admitiu a tendência de queda, mas com “serenidade e moderação” na condução dos juros.
Isto porque, além de um ambiente externo com mais incertezas, as estimativas de inflação ainda seguem acima da meta e “se mantiveram relativamente estáveis recentemente”. A ata destacou, conforme relata a CNN Brasil, que alguns membros mostraram preocupação com a possibilidade de metas desancoradas por um período longo.
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A redução de 0,5 ponto percentual foi votada pelos seguintes membros do comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
Para o Copom, o processo de queda da inflação prossegue, com a inflação de serviços desacelerando na margem, mas com núcleos de inflação ainda elevados.
“A inflação ao consumidor segue com uma dinâmica corrente mais benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação”, diz o comitê. “Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram menor inflação, mas mantêm-se acima da meta.”
Queda? Copom considera que cenário internacional tem optado em geral por uma elevação da taxa de juros
A reunião do Copom debateu o cenário internacional, sob o aspecto da resiliência nos mercados de trabalho e como bancos centrais pelo mundo seguem com ciclos de aperto monetário como forma de promover a convergência da taxa de inflação para suas metas. Estes bancos sinalizam ainda um período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias.
“O comitê notou a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China, ambas exigindo maior atenção por parte de países emergentes.”
No cenário interno, o comitê vê que um momento de maior resiliência da atividade econômica e que “dados referentes à atividade econômica do segundo trimestre, em particular a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto), indicam que setores não cíclicos da economia mantiveram dinamismo”.
O órgão, porém, lembra que também se observou um crescimento da demanda referente ao consumo das famílias.
“De modo geral, nos indicadores setoriais, observou-se alguma desaceleração no setor de comércio, moderada reaceleração na indústria e estabilidade do crescimento no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores”, diz trecho da ata da última reunião do Copom. “O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem.”