A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) investiga 11 casos que envolvem a Americanas, incluindo suspeitas que vão além da apuração feita pela Polícia Federal (PF), que deflagrou operação contra ex-diretores da varejista na quinta-feira 27.
Atualmente, a CVM conduz dois inquéritos, um processo administrativo sancionador e oito processos administrativos sobre a crise da Americanas. Um desses processos sancionadores foi encerrado com acordo de multa por uma ex-diretora.
A autarquia federal já havia identificado indícios de uso de informações privilegiadas por Miguel Gutierrez e Ana Saicali, ex-presidente e ex-diretora da empresa, informou nesta sexta-feira, 28, a Folha de S.Paulo.
Além disso, a CVM encontrou irregularidades nas vendas de ações por outros ex-executivos, em investigações ainda em andamento. Os processos abertos para apurar fraudes contábeis na varejista também não foram concluídos.
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Novos detalhes sobre as investigações da CVM
Relatório da CVM de 2023, ao qual a Folha teve acesso, revela vendas de ações por outros cinco ex-executivos não mencionados na Operação Disclosure, da Polícia Federal, que pediu a prisão de Gutierrez e Saicali.
Segundo análise técnica da CVM, esses executivos evitaram prejuízos ao vender ações antes da divulgação das “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços de janeiro de 2023. A PF estima o rombo em R$ 25,2 bilhões.
A área técnica da CVM não concluiu ter havido fraude na venda das ações, mas identificou indícios de uso de informações privilegiadas. Em março de 2023, a lista foi enviada ao Ministério Público Federal (MPF).
Impacto das investigações e ações da CVM
Nenhuma investigação sobre informação privilegiada ou gestão financeira foi concluída pela CVM. Dois processos com acusações tratam da divulgação da crise. Em um caso, a ex-diretora financeira Camile Loyo Faria pagou multa de R$ 2,4 milhões para encerrar o processo. Em outro, a CVM rejeitou acordos com Sergio Rial e João Guerra Duarte Neto.
A Associação Brasileira de Investidores (Abradin) afirmou à Folha que “causa estranheza apenas Ana Saicali estar junto com Miguel Gutierrez nessa operação, já que praticamente todos os ex-diretores cometeram o mesmo crime”.
A CVM não comentou a operação da PF da quinta-feira. Em nota, destacou a cooperação técnica com a corporação, “inclusive, no compartilhamento de informações sobre assuntos de interesse comum”. “Adicionalmente, recordamos que a CVM também mantém com o Ministério Público Federal, desde 2008, Termo de Cooperação específico”, concluiu a nota.
E os mentores responsáveis, posando de bons meninos com o dinheiro surrupiado da empresa, acionistas, bancos, fornecedores, empregados e o próprio governo. Vamos ver se o CEO abre o bico.