Enquanto os indicadores de atividade econômica já reagem no Brasil — apesar do discurso da oposição, que insiste em ignorar os dados —, outras economias importantes do mundo padecem com os impactos da pandemia do covid-19. Uma delas é a do Japão, que vem enfrentando um cenário desafiador de moeda fraca e aumentos descontrolados em setores como os de alimentação e energia.
Um artigo do New York Times nesta terça-feira, 10, mostra as complexidades em torno da terceira maior economia do mundo, com críticas à estratégia do governo japonês para lidar com a missão de recuperação.
O iene, por exemplo, atingiu o patamar mais baixo em duas décadas na comparação com o dólar, com queda de 18% desde setembro — hoje, US$ 1 vale 130 ienes.
Em outros momentos, quando o Japão era uma superpotência manufatureira, um iene fraco seria motivo de comemoração, tornando as exportações japonesas mais baratas no exterior, aumentando o valor da receita e atraindo investimentos estrangeiros.
Mas a exportação agora é menos importante para a economia japonesa. As grandes empresas, que buscam evitar restrições comerciais e aproveitar os custos trabalhistas mais baratos, começaram a produzir mais produtos no exterior, reduzindo o impacto das taxas de câmbio em seus resultados.
Vírus, guerra e juros
Depois de meses de atividade comprometida pelo isolamento social imposto pelo coronavírus, a economia japonesa encontrou outros desafios em 2022. Agora os preços têm subido por causa de paralisações da atividade industrial na China e interrupções na cadeia logística, também decorrentes da crise do covid-19. Outro ingrediente recente foi o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia nas exportações de trigo ucraniano e de gás e petróleo russos.
Para um país pobre em recursos naturais, altamente dependente de combustíveis e alimentos importados, a queda do iene elevou ainda mais preços já altos. O aumento vem assustando os consumidores japoneses acostumados a décadas de estabilidade.
Para especialistas ouvidos pelo New York Times, o principal motivo da crise atual é a insistência do Japão em manter as taxas de juros próximas de zero, mesmo quando outros bancos centrais, liderados pelo Federal Reserve dos EUA, aumentam suas próprias taxas drasticamente. O Banco Central brasileiro também vem adotando estratégia similar desde o começo da pandemia, com plano calculado de reajustes para a contenção da inflação — hoje a taxa está em 12,75% ao ano no Brasil.
Em teoria, o Banco do Japão poderia estancar a desvalorização do iene aumentando as taxas de juros. Mas seu diretor, Haruhiko Kuroda, cujo mandato termina em 2023, segue determinado a atingir as metas de inflação de quando assumiu o órgão, há uma década, com o mundo em um contexto bem diferente.
O Japão já vem um tempo tendo problemas na sua economia. Agora com o Covid, lascou.