“[…] Quando todos pensam que está indo para o brejo, ela costuma reagir positivamente. Assim, por exemplo, na situação dramática do começo deste ano, quando a pandemia entrou sem bater na porta e quase todos passaram a enxergar o país como um pugilista estendido na lona prestes a perder por nocaute, como em tantas outras vezes, o gigante deitado parece ter se levantado antes que o juiz contasse até dez e recomeçado a distribuir sopapos. Apesar de nossos graves, conhecidos e aparentemente eternos problemas estruturais e institucionais, a despeito do Estado gigantesco, a quem invariavelmente apetece enxerir-se nas atividades econômicas privadas e bloquear a liberdade e a inventividade das pessoas e não obstante a insegurança brutal que o ativismo jurídico vem impondo, a verdade é que o juiz até hoje nunca chegou até o fatídico dez. Parece que o lutador, sempre que está prestes a desmaiar, olha para cima e, vendo um bando de aves agourentas de todos os partidos e poderes esvoaçando ameaçadoramente e antevendo-o como apetitosa carniça, encontra forças, sai do chão e põe a urubuzada para correr.” O trecho acima é de autoria do economista, professor e escritor Ubiratan Jorge Iorio, colunista de Oeste. Em artigo publicado na Edição 26 da revista, em setembro do ano passado, Iorio já se debruçava sobre a notável capacidade da economia brasileira de se reerguer em momentos de extrema dificuldade.
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A resiliência da indústria nacional, que serve como esteio de uma iminente retomada econômica, é também resultado da força e esperança de centenas de milhares de pequenos, médios e grandes empreendedores espalhados pelo país. “Infelizmente, o empreendedor brasileiro sempre se vê em um ambiente com muitas dificuldades, muito nocivo. Temos uma série de dificuldades próprias do nosso país em vários níveis, seja no sistema tributário, infraestrutura, uma série de burocracias, uma série de problemas com os quais os empresários brasileiros acabam lidando”, diz Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em entrevista a Oeste (clique aqui para ler a reportagem especial completa). “No momento atual, também tem uma comparação com o ano passado e, como não se tem a expectativa de um tombo tão grande em termos de atividade industrial, isso também mantém um ânimo um pouco mais elevado.”
Reportagem especial: “A resiliência da indústria”
O diretor-executivo de economia e estratégia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo, vai além. “São características da personalidade do empreendedor identificar as oportunidades, correr o risco calculado e acreditar no futuro. Da mesma forma que temos empreendimentos que fecharam e não conseguiram a viabilidade, temos vários outros que renasceram e estão se ampliando”, afirma o dirigente da Fiesp.
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“O empreendedor é um bicho diferente. Se ele fosse um cara mais conformado, não empreenderia, teria outra fonte de vida. Eles são otimistas. Eles sempre acreditam. É isso que puxa a humanidade, que traz o progresso. Se a gente achar sempre que as coisas são ruins, por mais que tenhamos elementos da realidade empurrando para isso, não caminhamos”, conclui.
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É tudo isso aí, mesmo: fé, determinação e vontade de viver. E vencer. Evolução é um compromisso de todos nós.