Em 2024, o Brasil registrou 2.273 pedidos de recuperação judicial. Esse número representa um aumento de 61,8%, em comparação com 2023, e o maior valor absoluto da história, desde que houve um indicador, em 2005. Para o advogado especialista na modalidade Charles Nasrallah, a crise econômica do país explica a situação.
“Isso ocorre por um cenário de crise econômica, que se estende desde 2022, com inflação alta, subindo a cada dia”, disse Nasrallah, ao Jornal da Oeste, nesta quinta-feira, 30. “Significa que nós temos juros aumentando, como o Copom aumentou a Selic ontem.”
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O jurista afirmou que a alta nos juros básicos do país afeta diretamente as empresas, pois elas não conseguem financiamento a taxas mais justas e entram em crise. Diante do problema, a solução é pedir à Justiça a recuperação judicial, para continuar em operação.
Nasrallah explica que a modalidade nada mais é do que um ”pedido de socorro da empresa, diante de um cenário de possibilidade de insolvência”. “Ela solicita à Justiça para que as execuções que ela sofre sejam suspensas, até que ela se reorganize financeiramente”, afirmou.
Confira abaixo a explicação completa do advogado Charles Nasrallah.
“Uma vez deferido esse auxílio, já se suspende as execuções pelo prazo de 180 dias, e depois ela apresenta um plano para pagar todos esses credores que ela tem.”
Aqueles que mais sofrem com a recuperação judicial
O advogado afirmou que o micro e o pequeno empresário são os que mais sofrem nesse processo todo, pois não têm acesso fácil a crédito — saída frequentemente usada para quem tenta se recuperar.
“O que geralmente é feito é enxugar o máximo possível de suas despesas, o que significa que vai reduzir a gama de negócios, e entrar num ‘modo sobrevivência'”, contou Nasrallah. “Vai utilizar de sua atividade empresarial de forma reduzida para conseguir sobreviver por mais tempo.”
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Diante do crescimento dos pedidos de recuperação judicial no Brasil, o advogado concluiu que as ações do governo dificultam a atividade empresarial no país. Por isso, Nasrallah pediu um posicionamento ”mais firme do governo para que esse cenário mude o mais rápido possível”.