O livro de memórias do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, será lançado na terça-feira 24, em São Paulo. Intitulada Calma sob Pressão da editora Planeta, a obra traz alguns momentos marcantes da trajetória de Meirelles durante os primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme conta a Folha de S. Paulo.
Em 2007, por exemplo, no início do segundo mandato de Lula, foi lançado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com a meta de crescimento anual de cinco por cento. A taxa de juros de 11,25% era um grande obstáculo para os planos do presidente.
+ Leia mais notícias de Economia em Oeste
Na véspera de uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), Lula ligou para Meirelles e disse: “Meirelles, eu nunca te pedi nada”. Meirelles respondeu: “É verdade”. Lula então solicitou: “Vou te pedir que corte os juros, porque senão nós não vamos crescer os 5% da nossa meta. Você precisa colaborar e baixar a taxa de juros.”
Diálogos reveladores no livro de memórias
No livro, Meirelles conta que respondeu a Lula que não era necessário cortar os juros e afirmou: “Nós vamos fazer a política monetária correta e o Brasil vai crescer mais do que 5%.”
O Copom decidiu manter a taxa de juros inalterada, o que deixou Lula irritado, fazendo com que ele parasse de falar com Meirelles. Meses depois, Lula enviou uma nota cifrada através de uma coluna de jornal, dizendo: “A raiva passou”.
Passados 17 anos desde o pedido de Lula para cortar a taxa Selic, e com ele novamente na presidência em seu terceiro mandato, a leitura do livro traz a sensação de que a política econômica brasileira ainda enfrenta os mesmos desafios e dilemas do passado, reflete a Folha.
O 8º capítulo do livro, intitulado Sob Fogo Amigo 2003-2008, é especialmente rico em detalhes sobre as negociações políticas, intrigas governamentais e pressões nos gabinetes de Brasília, conforme visto por Meirelles, uma figura central na economia brasileira nas últimas décadas.
Muitos dos dilemas econômicos daquela época, como a tentativa de impulsionar o crescimento através do aumento das despesas e estímulos fiscais, bem como a pressão sobre o BC para reduzir os juros, são questões ainda presentes nas manchetes de hoje.
Meirelles aborda esses problemas em uma passagem do livro, ao dizer que as políticas monetária e fiscal foram bem-sucedidas no primeiro mandato de Lula. “Palocci entendeu um conceito que muitos economistas da esquerda se recusam a aceitar: o gasto público tem efeito apenas até um certo ponto”, observou.
“O que gera emprego e crescimento de um país é o setor privado, não o público.”
No capítulo intitulado No olho do furacão – a crise do subprime, que aborda a crise financeira de 2008, Meirelles descreve o confronto com Guido Mantega, que substituiu Antônio Palocci no Ministério da Fazenda. O conflito girava em torno das medidas a serem adotadas.
“As constantes trombadas entre Meirelles e Mantega nos bastidores eram conhecidas em Brasília, mas Meirelles fornece um olhar mais próximo aos conflitos da época”, relata o livro.
Propostas e negociações
Em outra parte, Meirelles revela que Aloizio Mercadante o procurou durante a campanha eleitoral de 2002 para que desistisse da candidatura a deputado pelo PSDB, oferecendo-lhe a presidência do BC. Mercadante explicou que Meirelles não poderia ser presidente do BC de um governo do PT tendo sido eleito deputado pelo PSDB.
Lula venceu as eleições e Meirelles, eleito, desistiu do mandato para aceitar o convite, com a promessa de independência na função. Lula também prometeu apresentar um projeto de lei para garantir a independência do BC, mas isso não aconteceu. A autonomia do BC foi aprovada no governo Bolsonaro e criticada por Lula anos depois.
Em novembro de 2015, durante o governo Dilma Rousseff, houve uma sondagem para que Meirelles assumisse o Ministério da Fazenda no lugar de Joaquim Levy, feita por Jaques Wagner (PT-BA), então ministro da Casa Civil e hoje senador.
No governo Temer, Meirelles propôs o teto de gastos, uma medida impopular no PT, substituída no primeiro ano do terceiro mandato de Lula pelo arcabouço fiscal. Meirelles considera o reconhecimento pelas autoridades monetárias das medidas tomadas durante a crise de 2008 e o teto de gastos como os pontos altos e desafiadores de sua carreira pública.
O livro também relata episódios da infância e juventude de Meirelles em Goiás, incluindo histórias como a do serial killer que foi motorista da família e a disputa pelo grêmio estudantil, na qual ele quase foi baleado.
Em entrevista à Folha, Meirelles afirmou que Lula precisa entender que o governo deve gastar menos. “Enquanto ele próprio e a equipe acreditarem que gastar mais é a solução, vamos ter essa questão [o problema fiscal]”.
Reflexões sobre políticas econômicas e lançamento do livro
“Pela minha própria experiência, o que funciona mesmo é cortar despesa e não ser criativo na contabilidade. É isso que faz com que o Brasil possa crescer mais”. Meirelles também revelou que escrever o livro de memórias era um sonho antigo.
Lula e Temer assinam os prefácios do livro. “Faço questão de destacar a lealdade dele [Meirelles] ao nosso projeto de crescimento econômico com inclusão social”, escreveu Lula.
Coincidentemente, o lançamento do livro ocorre na semana seguinte à primeira alta da taxa Selic no terceiro mandato de Lula, com Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC, já indicado para presidir o BC.
Galípolo agora, lembra o jornal, enfrenta um grande desafio para demonstrar sua independência em relação a Lula. “O Galípolo vai sofrer muito mais pressão do que o Meirelles. A expectativa que o PT tem sobre o Galípolo é muito maior”, afirmou Thomas Traumann, coordenador editorial do livro.
Não dá para entender como um homem realizado, de sucesso na inciativa privada, e que foi um bm ministro no governo Temer possa, conhecendo Lula, como suas condenações revelaram, possa ter o nome de Lula assinado seu livro, ora lançado.
Já as propínas envolvendo a BR e grandes empreiteiros e outros babões criminosos não precisou pedir a nada a ninguém é claro .. como não porecisou pedir a “descondenação” que o fez ditador num triunvirato ridículo e maior estupro jurídico do mundo … estão incomodados Manés? peçam asilo ao Maduro ou ao Ortega e boa viagem …