O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirma que o novo consignado privado, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai reduzir as taxas de juros da modalidade e a inadimplência nos empréstimos pessoais.
O Banco Central (BC) calcula que os juros do consignado estão em 2,92% ao mês, o equivalente a 41,23% ao ano. Já a média do consignado para funcionários públicos é de 1,82% ao mês, ou 24,16% ao ano.
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“Há uma aposta que estamos fazendo, com bastante racionalidade econômica, de que, na medida em que haja uma centralização e uma padronização da gestão da consignação, caminhemos para patamares de juros menores”, disse Sidney, na quarta-feira 12, ao jornal Folha de S.Paulo.
O presidente da Febraban explica que não será necessário estabelecer um teto de juros em um possível sistema financeiro abusivo. Ele acredita que esse cenário não deve se concretizar.
Sidney argumenta que “linhas de crédito caras só ampliam o risco e o custo de crédito”. Nesse sentido, os “juros altos não são um bom negócio para ninguém, nem para os clientes nem para os bancos”. Portanto, segundo ele, não há “interesse em fazer de um novo produto um caminho para a prática de juros abusivos”.
Inclusive, os bancos privados deixaram de oferecer empréstimos consignados quando o produto passou a ser vinculado ao Instituto Nacional do Seguro Social. Isso ocorreu devido à imposição de um teto de juros.
Além disso, o governo federal acredita que a competição entre bancos e fintechs vai ajudar a melhorar a oferta de crédito. Essa mudança reflete o pedido de Lula para tornar o crédito mais acessível em um momento de alta da Selic.
FGTS pode impulsionar novo consignado
A taxa de inadimplência acima de 90 dias no crédito consignado privado é de 8%, maior que os 6% registrados no crédito pessoal, que possui uma taxa de juros mais alta, de 6% mensais, ou 103% anuais, em média.
Contudo, a segurança proporcionada pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a opção de empréstimo consignado para o trabalhador durante a troca de emprego devem reduzir os atrasos.
Sidney afirma que, durante as discussões sobre o novo modelo de consignado, os bancos não solicitaram um aumento nas garantias.
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No entanto, quando forem implementadas pela Caixa Econômica Federal, elas devem estimular o interessa das instituições financeiras pelo produto. Isso pode fazer com que o volume ultrapasse os R$ 120 bilhões inicialmente estimados.