Em casos excepcionais como o da pandemia do coronavírus, os governos podem atuar para evitar uma depressão de consequências gravíssimas
Em artigo, Martin Wolf, comentarista-chefe de economia do jornal Financial Times, destacou que a pandemia de coronavírus que assola o mundo não é um problema apenas de saúde pública, mas também uma emergência econômica.
Para Wolf, uma crise mundial não era algo inesperado, mas o modo como ela veio foi. A crise atual poderá ser mais grave que a de 2008, sendo lideranças inteligentes e fortes extremamente necessárias. Os bancos centrais mostraram uma boa resposta inicial. “Agora a bola está com os governos. Nenhum outro evento demonstra melhor como um governo administrado com qualidade, capaz de diferenciar especialistas e charlatões, é tão vital para a sociedade”, afirmou Wolf.
Ele acredita que os efeitos dessa crise não serão tão curtos, e que a situação em todo o globo só começará a se normalizar em 2021. Os formuladores de políticas públicas devem desde já se preparar para lidar com essa questão.
“A pandemia já afetou fortemente a oferta e a demanda no mundo todo. Quarentenas já atingiram as cadeias de produção e diminuíram o consumo, afetando sobretudo os setores de entretenimento e turismo”, disse Wolf, que também destacou os perigos para as pequenas empresas, como as do comércio, que possivelmente logo ficarão sem dinheiro.
Ele acredita que os governos, neste momento grave, devem agir para auxiliar os moradores, com pagamento para aqueles que estão doentes e auxílio desemprego generosos. Ou uma decisão mais radical ainda: “O governo pode simplesmente enviar a todo mundo um cheque”, propôs Wolf.
Isso pode custar caro, mas ele avalia como sendo um custo pequeno para evitar falências em massa e uma depressão econômica profunda. Para Wolf: “Fazer isso não criará um problema. Ser prestativo em uma pandemia que acontece uma vez a cada século dificilmente encorajará a irresponsabilidade futura”.