Nesta terça-feira, 13, especialistas discutiram alternativas de financiamento de geração de energia. O debate ocorre depois de o governo federal ter realizado no último dia 8 o primeiro leilão de Geração de Energia Nova.
Um fator que surpreendeu o mercado foi o valor ofertado para o fornecimento de energia solar e eólica, que ficou acima do esperado. Os agentes previam uma disputa acirrada, com oferta mínima apenas para assegurar pontos de conexão e manutenção dos incentivos fiscais. “A baixa demanda dos players (grandes investidores) em participar do leilão ajudou o preço a subir”, disse Marcelo Gama, sócio-diretor da Daemon Investimentos e líder da área de Structured Finance.
Eletrobras
O setor também acompanha os desdobramentos da medida provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras. O texto foi sancionado nesta terça-feira, 13, pelo presidente Jair Bolsonaro, mas com alguns vetos que mudam as perspectivas para o segmento. “A retirada de jabutis [como são designados trechos incluídos em uma proposta sem relação com o assunto original] na desestatização da Eletrobras pode afetar a demanda e o preço de forma não orgânica, mas impositiva”, indicou Ricardo Gomes, sócio da Daemon Investimentos.
Reforma Tributária
Para o sócio da Journey Capital Pedro Bianchi, a boa notícia é que não há nenhuma indicação de que a reforma tributária vai retirar incentivos fiscais da infraestrutura energética do país. “O governo não menciona a infraestrutura como um dos setores que pode vir a perder a isenção que possui”.
Bianchi afirma ainda que a sinalização positiva do governo perante o setor pode promover investimentos para o futuro. “Existem discussões, inclusive, para aumentar os mecanismos para infraestrutura que têm incentivos fiscais”, disse. “Isso dá um conforto para a gente de que o governo, o Brasil como um todo, está estabelecendo a infraestrutura como uma das prioridades e entende que são necessários investimentos voluptuosos para isso”.
Leia também: “Governo federal propõe fim da isenção sobre os rendimentos dos fundos imobiliários”
No curto prazo, o que me preocupa é a segurança energética associada à crise hídrica e seu impacto na gestão da pandemia. Em outra revista, uma matéria tratando das recentes manifestações populares em Cuba cita o efeito dos “apagões” sobre pacientes que dependem de equipamentos de sustentação da vida, especificamente, respiradores. Todos os gestores dos sistemas de saúde, público e particular, deveriam estar tomando medidas preventivas para minimizar esse efeito. É uma crise anunciada que certamente terá consequências político-eleitorais em 2022.