O risco-Brasil, mensurado pelos Credit Default Swaps (CDS) de cinco anos, atingiu 205 pontos na última segunda-feira, 30. O número supera em 72,53 pontos o fechamento de 2023, que registrou 132,49 pontos.
Foi a maior alta anual do risco-país desde 2015, quando o Brasil passou por uma recessão econômica, durante o governo de Dilma Rousseff. Naquele ano, o CDS fechou em 287,9 pontos. Os dados são do site Investing Brasil.
Apenas em dezembro, a alta do risco-Brasil foi a maior desde maio de 2023. O CDS subiu 43,5 pontos no mês, em meio às discussões entre o Executivo e o Congresso sobre o pacote fiscal. O mercado considerou insuficientes as medidas divulgadas pelo Ministério da Fazenda, e as reações ao anúncio levaram o dólar comercial a superar a cotação de R$ 6 pela primeira vez na história.
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O patamar mais baixo do CDS durante o governo Lula foi em fevereiro passado, quando atingiu 122 pontos. O afrouxamento das metas de resultado primário das contas públicas, anunciado por Fernando Haddad em abril, desencadeou uma nova alta do risco-país.
Durante o governo Bolsonaro, o pico do CDS foi em março de 2020 — quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de covid-19 —, de 377 pontos. O nível mais baixo foi 92 pontos, em dezembro de 2019.
Como o CDS mensura o risco-Brasil
Os Credit Default Swaps, ou “swaps de inadimplência”, em tradução livre, são instrumentos financeiros que foram desenvolvidos na década de 1990 e servem como seguros contra o risco de calote para empréstimos e outros tipos de dívida.
Na dinâmica dos CDS, uma instituição financeira vende um desses contratos para um investidor, que paga uma taxa para essa mesma empresa em troca de proteção contra o risco de calote em alguma negociação.
Assim, se o emissor da dívida ficar inadimplente, quem vendeu o CDS é responsável por pagar ao investidor o valor combinado. Ou seja, quando o risco-país sobe, é porque aumentou também a percepção de risco para assumir a dívida de um determinado governo.