Depois dos rumores de que a Gol deve entrar com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, as ações da Azul têm caído tanto quanto as da empresa que está em atenção da mídia.
Desde a última segunda-feira, 15, até a quinta-feira 18, ambas as empresas caíram 7% na Bolsa de Valores do Brasil. Na sexta-feira 19, com as notícias de uma possível linha de crédito para o setor subsidiada pelo BNDES, as ações da Gol subiram cerca de 7%, superando a Azul, que subiu 4%.
No entanto, para o BTG Pactual, os movimentos do mercado não fazem o menor sentido, dado que a Azul deveria se beneficiar da situação.
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Em relatório da última sexta-feira, o banco afirma que a queda da Azul vai além da competição e está relacionada ao pessimismo global com ações e movimentos mais técnicos de mercado.
“Não achamos que esse movimento faz sentido”, afirma o analista Lucas Marquiori, em relatório. “Apesar do nosso rating neutro, estamos começando a ficar mais otimistas com a Azul, que agora negocia a um múltiplo barato, de quatro vezes EV/Ebitda para 2024.”
Conforme os analistas, as esticadas das taxas de juros de longo prazo nos EUA levaram à queda do mercado de ações no Brasil e no exterior.
Somado a isso, as apostas contra ambas as empresas na Bolsa de Valores explicariam o desempenho dos papéis da Azul.
Outros ruídos podem ter afetado as ações da Azul, mas têm pouco impacto efetivo, dizem analistas
Outros ruídos que envolvem o setor podem ter afetado o papel, mas têm pouco impacto efetivo sobre a Azul, salienta o BTG.
“Problemas seguidos com fornecedoras de aeronaves, como a crise dos Boeing 737-Max, colocaram pressão sobre um mercado que já estava com oferta apertada para novos aviões”, afirma o analista. A questão é que a Azul não opera com Boeings, com frota concentrada na Embraer e Airbus.
Além disso, o conturbado momento para a aviação e a instabilidade adicional nos preços do petróleo podem ter contribuído. Mesmo assim, os analistas da instituição veem uma saída para a Azul se beneficiar.
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Por causa de atrasos nas entregas da Boeing, fabricante das aeronaves usadas pela empresa, a Gol diminuiu sua oferta de voos em dezembro.
Conforme Marquiori, essa adequação de capacidade pode deixar o ambiente de preços mais racional.
Para o BTG, a Latam e a Azul deveriam preencher o vazio deixado pela capacidade da Gol. Isso porque a Latam possui uma maior sobreposição de rotas com a Gol, especialmente em aeroportos movimentados, como Congonhas, Santos Dumont e Brasília.
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“No entanto, acreditamos que a Gol deveria priorizar as rotas mais lucrativas, deixando os ajustes de capacidade para rotas de menor densidade que se sobrepõem com a Azul”, afirmam os analistas.
No agregado do ano, as ações da Azul caíram 10,6%, enquanto as da Gol tiveram queda de 15%. Listada no Chile, a ação da Latam subiu 9,95% até agora em 2024.