A pandemia de coronavírus gerou consequências nefastas não apenas na área da saúde, mas também da economia. A inflação, o desemprego, a queda de produtividade nas empresas e a desvalorização das moedas pressionaram os governos nacionais a aumentar os salários-mínimos em seus países.
A América Latina é uma das regiões onde mais foram verificadas intervenções estatais na economia, sob a justificativa de reparar os estragos causados pela maior crise sanitária da era moderna. Por isso, Oeste decidiu explicar as alterações nos salários-mínimos de nove países latino-americanos.
O salário-mínimo dos hermanos é, atualmente, de 32 mil pesos argentinos (US$ 310). Em razão de uma medida governamental, esse valor deve subir progressivamente. Em fevereiro, por exemplo, chegará a 33 mil pesos (US$ 321). Desde o início de 2021, houve aumento nominal acumulado de 53%. Na prática, contudo, devido à alta inflação registrada no período (52%), o povo argentino não ganhou poder de compra.
O preço da cesta básica, apropriada para uma família de dois adultos e duas crianças em idade escolar, registrou um aumento de 2,6% em novembro do ano passado, chegando a 31,7 mil pesos (US$ 307). Ou seja, quase o valor do salário-mínimo. O preço de uma cesta completa, indicada para uma família de quatro pessoas adultas, é equivalente a quase três salários: 74 mil pesos (US$ 720).
O valor do salário-mínimo no Brasil em 2022 será de R$ 1.212 (US$ 214), contra R$ 1.100 estabelecidos no ano anterior. Conforme noticiou Oeste, a mudança consta em medida provisória (MP) assinada pelo presidente Jair Bolsonaro em 31 de dezembro do ano passado. O valor diário do salário-mínimo corresponderá a R$ 40,40, enquanto o valor por hora será de R$ 5,51.
Esses valores foram calculados a partir da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) prevista para 2021, que totalizou 10%. Nesse porcentual, foram considerados os valores do INPC para os meses de janeiro a novembro, além das projeções do governo para dezembro.
Com o salário-mínimo de 2022, não é possível comprar duas cestas básicas em Florianópolis (R$ 700 ou US$ 124), São Paulo (R$ 693), Porto Alegre (R$ 691) e Rio de Janeiro (R$ 673). No entanto, a mesma quantidade de cestas básicas pode ser comprada em Fortaleza (R$ 563), Belém (R$ 538), Natal (R$ 504), João Pessoa (R$ 491), Aracaju (R$ 464), Recife (R$ 485) e Salvador (R$ 487).
*O preço da cesta básica em Florianópolis foi usado como referência.
O aumento do salário-mínimo na Colômbia é o maior registrado no país nas últimas quatro décadas. Os cidadãos receberão 1 milhão de pesos colombianos, cerca de US$ 244. Entretanto, o valor ficará abaixo do salário-mínimo verificado em países como Uruguai (US$ 406), Paraguai (US$ 335) e Bolívia (US$ 314).
O salário-base passará de 908,5 mil pesos em 2021 para 1 milhão de pesos (US$ 244) em 2022. Isso representa um aumento de 10%. De acordo com o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane), o salário-mínimo colombiano é suficiente para comprar duas cestas básicas (US$ 240).
Desde maio de 2021, o salário-mínimo é de 337 mil pesos chilenos (US$ 396) para pessoas entre 18 e 65 anos. A renda mínima de quem não está nessa faixa etária, por sua vez, é de 251 mil pesos (US$ 295).
Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social do Chile, uma cesta básica para apenas uma pessoa custa 50 mil pesos (US$ 60). Portanto, um salário-mínimo é suficiente para pagar 6,7 cestas.
O salário-mínimo do Equador em 2022 será de US$ 425. O aumento, de US$ 25, é uma promessa de campanha do presidente do país, Guillermo Lasso. É o maior valor porcentual observado nos últimos oito anos.
Nos últimos 12 anos, o salário-base no país aumentou US$ 185, passando de US$ 240 em 2010 para US$ 425 em 2022. De acordo com o governo equatoriano, cerca de 450 mil pessoas serão beneficiadas com o aumento do salário-mínimo, o que representa 18% dos trabalhadores do setor privado. Todavia, esses empregados representam apenas 5,4% da população economicamente ativa do país, que chega a 8,3 milhões de pessoas.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos, o preço de uma cesta básica (indicado para uma família de quatro pessoas) é de US$ 715. Portanto, pelo menos duas pessoas têm de ganhar um salário-mínimo para que consigam adquirir alimentos básicos.
O salário-mínimo no México aumentou para 5,2 mil pesos (US$ 256) em 2022, o que representa um aumento de 22%. Esse valor não é suficiente para adquirir uma cesta básica, que custa entre 9,1 mil e 11,2 mil pesos (US$ 500, na média).
Segundo o site Bloomberg Línea, esse dinheiro é suficiente para comprar 8,6 quilos de tortilhas, 1 quilo de carne bovina e 4,5 quilos de ovos. Isso significa que os mexicanos podem comprar apenas alguns produtos da cesta básica.
A partir da segunda quinzena de janeiro, o Panamá iniciará um novo escalonamento no salário-mínimo. O Decreto Executivo nº 74, promulgado pela administração do presidente do país, Laurentino Cortizo, determinou um acréscimo de 1,5% em atividades como agricultura, pesca e pecuária; 2% em serviços e suprimentos; e 5% no serviço doméstico. Na média, a renda mensal dos trabalhadores é de US$ 268.
Em relação às obras de construção e pedreiras, o acréscimo será de 1%; nas atividades de serviços de energia, assistência urbana, atividades financeiras e seguros, além de serviços sociais e de saúde, o aumento será de 2%. Trabalhadores dos setores de comércio, hotelaria, entretenimento ou artes não serão contemplados com a medida.
Segundo a Autoridade de Defesa do Consumidor e Defesa da Concorrência do Panamá (Acodeco), o preço da cesta básica mais baixa varia entre US$ 253 e US$ 260, podendo ainda chegar a US$ 318. Na média, é US$ 277. Portanto, um salário-mínimo é capaz de comprar apenas uma cesta básica.
Desde março de 2018, o salário-mínimo no Peru é de 930 soles por mês, o equivalente a US$ 233. Atualmente, o valor está abaixo do observado em países como Panamá (US$ 268), El Salvador (US$ 243) e Colômbia (US$ 244).
Na última vez em que o salário-mínimo foi aumentado no país, no último ato do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski (PPK), o valor passou de 850 soles (US$ 213) para os atuais 930.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Informática do Peru (Inei), o salário-mínimo do país não é suficiente para pagar uma cesta básica, cujo valor chega a 1.440 soles (US$ 364).
O salário-mínimo na Venezuela é de 10 bolívares digitais. Isso representa uma renda mensal de US$ 2,2. Desde a introdução do novo valor, anunciado em maio de 2021 pelo ditador Nicolás Maduro, os venezuelanos perderam quase 30% de seu poder de compra (considerando o dólar como moeda principal).
A renda mínima autorizada para um trabalhador na Venezuela é de US$ 1,5 a US$ 3. Com o salário médio de US$ 2,2 mensais, os venezuelanos conseguem comprar 500 gramas de carne moída ou uma única coxa de frango. Ou, ainda, uma dúzia de ovos.
Segundo o Centro de Documentação e Análise Social da Federação de Professores da Venezuela, o preço da cesta básica em Caracas é de US$ 340. Isso significa que a população local precisaria de 156 salários-mínimos para não entrar em situação de indigência.
O Brasil leva bem a sério a questão do valor MÍNIMO do salário. Até nesse quesito conseguimos ficar na rabeira, o segundo colocado se virarmos a tabela de cabeça para baixo.
Não é o valor do salário em si que importa, mas o quanto custa a cesta básica, se o seu “raciocínio” estivesse correto, o melhor salário seria o do Equador (425 dólares), mas pelo valor da cesta básica de lá ultrapassa os 700 dólares.