Economista defendeu ajustes nos programas de ajuda estatal durante a pandemia do coronavírus; auxílio para empresas não deve ser “compensação”, afirmou
Em sua coluna no O Estado de S. Paulo, a economista Zeina Latif defendeu que o governo aja de forma técnica na hora de dar benefícios nesse momento de pandemia e afirmou que não será possível “ajudar todos”.
“Estabelecer prioridades em linhas gerais – como cuidar da saúde das pessoas e garantir sua subsistência – é a tarefa mais fácil. Difícil é desenhar políticas públicas focalizadas e efetivas, afastando oportunismo e desperdício; especialmente em um país com poucos exemplos de política pública bem-sucedida”, escreveu Zeina.
Ela ainda afirmou que o Auxílio Emergência, com a sua possível prorrogação, necessitará de ajustes: “Será necessário aprimorar os controles (por exemplo, 73 mil militares receberam o auxílio) e definir um novo valor (certamente menor e talvez com diferenciação pelo tamanho da família), com base em estudos técnicos”.
Sobre a ajuda às empresas, a economista disse que a política não deve ser uma “compensação”, mas sim para “apenas garantir a travessia durante a epidemia” e que o governo deve exigir sim contrapartidas.
“Empresas com acesso minimamente preservado ao mercado de crédito e que podem contar com aportes dos acionistas e controladores deveriam ficar de fora”, afirmou Zeina Latif.
Por fim, a economista afirmou que tanto os auxílios quanto o crédito subsidiado não são para “corrigir injustiças sociais”, e que a ajuda do Estado deve ser limitado: “A ideia é estabelecer limites para o socorro estatal: de um lado, preservar estruturas organizacionais e empregos que valem a pena, e de outro, limitar a inevitável ‘seleção natural’ no setor privado”.
Lucidez e competência.