Em 13 de setembro de 1987, o Brasil enfrentou o maior acidente radioativo de sua história, conhecido como o caso do Césio-137, em Goiânia (GO). O evento teve início quando dois catadores de sucata encontraram um aparelho de radioterapia abandonado em uma clínica desativada.
Ao abrir o equipamento, eles expuseram o Césio-137, um material altamente radioativo, e passaram a manuseá-lo sem entender os riscos. O pó azul brilhante liberado chamou a atenção de familiares, amigos e vizinhos, muitos dos quais entraram em contato direto com o material. Assim, espalharam a contaminação pela cidade.
O acidente demorou a ser identificado como radiológico. Só em 29 de setembro, depois da mulher de um dos catadores levar parte do material à Vigilância Sanitária, foi confirmado que se tratava de Césio-137. Isso ocorreu quando o físico Walter Mendes utilizou um cintilômetro para detectar os níveis alarmantes de radiação.
A partir daí, o governo federal e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) montaram um plano de emergência para descontaminação da área e tratamento das vítimas.
As consequências
Mais de 112 mil pessoas foram examinadas, das quais 249 apresentaram altos níveis de contaminação. A tragédia deixou quatro mortos diretamente relacionados à exposição. Centenas de pessoas sofreram com efeitos no longo prazo, incluindo problemas de saúde e riscos aumentados de desenvolver câncer.
Entre as vítimas fatais, a mais conhecida é Leide das Neves, uma menina de 6 anos que foi exposta ao pó radioativo e morreu depois de uma ingestão acidental do material.
A descontaminação envolveu a destruição de casas, veículos e outros objetos, que foram considerados lixo radioativo e enterrados em um depósito construído em Abadia de Goiás, a 23 km de Goiânia.
O impacto do acidente com Césio-137
O depósito onde o material foi descartado ainda é monitorado, pois o Césio-137 continuará a emitir radiação por centenas de anos.
O acidente evidenciou falhas na gestão de materiais radioativos e levou à criação de novas normas e regulamentações, como a Lei nº 9.425 de 1996, que estabeleceu pensões e assistência vitalícia para as vítimas.
O caso também destacou a importância de maior conscientização pública sobre os perigos da radiação e o descarte seguro de materiais perigosos.
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