No dia 25 de setembro de 1884, nascia Edgard Roquette-Pinto, pioneiro da radiodifusão no Brasil. Embora formado em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, sua cidade natal, ele escolheu a antropologia. Destacou-se por participar de expedições científicas com o tenente-coronel Cândido Mariano da Silva Rondon à Serra do Norte, em 1912.
Durante essas expedições, teve contato com os Nhambiquaras, um dos povos indígenas da região amazônica que, na época, viviam de maneira bastante isolada. A experiência foi crucial para a produção de seu livro Rondônia, publicado em 1917.
Essa obra se tornou um marco na etnografia brasileira; descreveu os costumes e modos de vida dos povos indígenas e as paisagens do interior do Brasil. Tal contribuição levou Roquette-Pinto a ser eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1927, onde ocupou a cadeira nº 17.
O começo da radiodifusão no Brasil
Em 1922, durante as comemorações do centenário da independência do Brasil, Roquette-Pinto conheceu os equipamentos de rádio, que estavam sendo demonstrados por cientistas estrangeiros no evento. Convencido de que o rádio poderia se transformar em uma ferramenta poderosa para a educação e disseminação da cultura no Brasil, deu início aos esforços para desenvolver essa tecnologia no país.
Em 20 de abril de 1923, fundou a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro, a primeira estação de rádio no Brasil. Sua visão de que o rádio deveria ser um instrumento de educação o levou a doá-la, anos depois, ao Ministério da Educação e Saúde, o que deu origem à atual Rádio MEC, uma das mais antigas emissoras do país e até hoje voltada à programação cultural e educativa.
Em 1934, Roquette-Pinto fundou a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro, uma iniciativa voltada exclusivamente à educação, e consolidou seu papel na promoção do uso do rádio como meio de instrução e desenvolvimento intelectual.
Legado e falecimento de Roquette-Pinto
Em 1946, a Rádio Escola Municipal foi renomeada para Rádio Roquette-Pinto em homenagem a seu fundador. Embora já idoso e enfermo à época, Roquette-Pinto não concordava com a homenagem, pois acreditava que o rádio deveria continuar sendo um serviço público impessoal e de caráter educativo.
Mesmo assim, o então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth, manteve a mudança do nome.
Considerado o “pai da radiodifusão no Brasil”, Edgard Roquette-Pinto faleceu no Rio de Janeiro, em 18 de outubro de 1954. Sua contribuição para a educação e a cultura através do rádio continua a ser lembrada como um dos marcos da comunicação no país, influenciando gerações de educadores, antropólogos e comunicadores.
A missão que ele abraçou — a de fazer do rádio um instrumento de elevação cultural e social — permanece como um legado importante para as emissoras educativas e culturais no Brasil.
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