A Revolução de 1930, deflagrada em 3 de outubro daquele ano, foi um dos eventos mais marcantes da história política do Brasil, responsável pela inauguração da Era Vargas.
Liderada por Getúlio Vargas, a revolução foi motivada por uma série de fatores políticos, sociais e econômicos, resultado das tensões acumuladas ao longo da Primeira República, dominada pelas oligarquias agrárias de São Paulo e Minas Gerais, no que ficou conhecido como a política do “café com leite”.
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As raízes da Revolução de 30 estão firmadas na década de 1920, quando o Brasil começou a experimentar os efeitos de uma crescente urbanização e industrialização. Estas transformações trouxeram à tona novas forças sociais, como a classe média e os trabalhadores urbanos, que passaram a exigir maior participação política e contestaram o sistema oligárquico dominado pelas elites agrárias.
As oligarquias, no entanto, eram resistentes a estas mudanças e mantinham um controle rígido sobre a política, com fraudes eleitorais e o uso do “voto de cabresto”, onde os coronéis — chefes políticos locais — exerciam enorme poder sobre a população e os resultados eleitorais.
A Primeira República brasileira foi marcada por um regime que favorecia a alternância de poder entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, o que excluía outras regiões e limitava a participação política de setores emergentes da sociedade.
A eleição de Júlio Prestes, em 1930, apoiado pelo então presidente, Washington Luís, quebrou este pacto informal ao excluir Minas Gerais da sucessão presidencial. Isso gerou insatisfação entre as elites mineiras e de outros Estados, como Rio Grande do Sul e Paraíba, que formaram a Aliança Liberal, uma coalizão de oposição que lançou Getúlio Vargas como candidato à Presidência e João Pessoa, presidente da Paraíba, como vice.
Além das tensões políticas, a década de 1920 também testemunhou a eclosão de movimentos militares como o tenentismo, que questionava o sistema oligárquico e defendia reformas modernizadoras. Revoltas como a dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, e a Coluna Prestes refletiram o descontentamento dentro das Forças Armadas com o regime vigente e foram precursores das ideias revolucionárias que culminariam na Revolução de 1930.
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A derrota de Getúlio Vargas nas eleições de 1º de março de 1930 foi o estopim para a articulação de uma insurreição armada. Embora Vargas tivesse inicialmente aceitado o resultado eleitoral, a ala mais radical da Aliança Liberal, liderada por Osvaldo Aranha e outros jovens políticos, começou a planejar a revolução. O grupo obteve o apoio de setores do Exército, como os “tenentes”, que já haviam demonstrado insatisfação com o sistema político oligárquico.
A conspiração ganhou força com o assassinato de João Pessoa, vice na chapa de Vargas, em julho de 1930. Embora o crime tenha sido motivado por questões pessoais, ele foi utilizado pelos conspiradores como um símbolo do despotismo e da injustiça do regime vigente, o que catalisava o apoio popular à revolução. O governo federal de Washington Luís, por sua vez, subestimou a capacidade de organização dos revoltosos e não tomou medidas efetivas para conter a insurreição.
Revolução armada
O movimento armado começou no dia 3 de outubro de 1930, com o levante de forças militares e civis no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e na Paraíba. Em poucas semanas, os revolucionários conseguiram avançar rapidamente pelo país, pois enfrantavam pouca resistência do governo central.
No Rio Grande do Sul, liderados por Osvaldo Aranha e Flores da Cunha, as tropas tomaram o controle da capital Porto Alegre e marcharam em direção ao Paraná. Em Minas Gerais, os revolucionários, liderados por Aristarco Pessoa, dominaram Belo Horizonte e bloquearam os principais eixos de comunicação e transporte do Estado.
No Nordeste, o comando militar ficou a cargo de Juarez Távora, que organizou o levante a partir da Paraíba e avançou em direção a Recife, que foi tomada em 6 de outubro. No entanto, a resistência mais significativa ocorreu em São Paulo, onde as forças leais ao governo tentaram barrar o avanço dos revolucionários.
A Batalha de Itararé, na divisa entre São Paulo e Paraná, foi antecipadamente considerada o grande confronto entre as forças de Vargas e as tropas legalistas, mas nunca ocorreu. Em 24 de outubro, antes que os combates se intensificassem, o presidente Washington Luís foi deposto por uma junta militar no Rio de Janeiro, o que marcou o colapso do regime.
Com a deposição de Washington Luís, Getúlio Vargas foi nomeado chefe do governo provisório e assumiu o poder em 3 de novembro de 1930. A Revolução de 1930 marcou o fim da Primeira República e o início de uma nova era na política brasileira, caracterizada por uma maior centralização do poder na figura de Vargas e a ruptura com a política oligárquica que havia dominado o país até então.
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A derrocada brasileira.
A situação do Brasil atual é idêntica à acima mencionado: fraudes, redutos eleitoreiros, mídia de medíocres e corruptos comprada, classes beneficiárias de impostos livres para se manifestarem favorável à uma ditadura idêntica ou pior, do que a de antes e a depois de depois com Vargas.
Triste país!