No dia 4 de outubro de 1970, Emerson Fittipaldi conquistou a primeira vitória de um piloto brasileiro na Fórmula 1. A façanha aconteceu em um domingo cinzento e frio na pequena cidade de Watkins Glen, no estado de Nova York, no Grande Prêmio (GP) dos Estados Unidos.
Emerson corria com uma Lotus-Ford modelo 72. A vitória do brasileiro, combinada com o quarto lugar do piloto belga Jacky Ickx, deu o título daquele ano para o austríaco Jochen Rindt, que morreu um mês antes em acidente na pista de Monza, na Itália.
A perda de um companheiro
Antigo companheiro de equipe de Emerson, o triunfo absoluto de Rindt era questão de tempo. Faltavam apenas quatro corridas: Itália, Canadá, Estados Unidos e México. Mas o futuro foi interrompido por um sério acidente.
Denny Hulme, que perseguia Rindt na pista italiana, disse que o carro do colega, de repente, escapou para a direita e guinou para a esquerda, sem que o austríaco pudesse controlá-lo. O acidente foi filmado apenas em seu fim, com o carro já batido.
Momento de grande pressão, diz Emerson
Segundo Emerson, a prova em Monza deixou como resultado não apenas o sofrimento pela morte trágica de Rindt; havia uma grande pressão sobre toda a equipe em razão da qualidade e da segurança do carro.
Com a morte do companheiro, o brasileiro conta que assumiu a condição de primeiro piloto. “Gostei da confiança e da segurança que a Lotus depositou em mim”.
‘Pilotei na pior condição para a F1’
Lembra que Watkins Glen era uma pista espetacular. “Seria a primeira vez que eu correria com a Lotus 72. A única vez que tinha andado havia sido na sexta-feira, em Monza, onde perdi a asa do carro e tive o acidente na Parabólica”.
O brasileiro relembra que, na largada, a pista estava desafiadora. “Era a pior condição. A tocada mais difícil da Fórmula 1 é quando está meio seco, meio molhado. É uma pilotagem que exige muita precisão”.
Secagem da pista mudou o cenário
Emerson conta que largou com cautela para andar rápido e não errar. Segundo ele, as coisas melhoraram na metade da prova, quando a pista secou e permitiu maior aceleração. “No fim da corrida, eu estava chegando em Pedro Rodríguez, e ele teve de parar para pôr gasolina”.
O brasileiro afirmou, em entrevista ao site Globo Esporte, que a sensação foi incrível “quando eu passei na frente do box da Lotus e estava na placa ‘P1’ (primeiro lugar). Vencendo nos EUA, imagine o que se passou na minha cabeça, a emoção que eu estava sentindo”.
Da tragédia à glória
Emerson diz que a última volta em Watkins Glen foi uma das mais longas da sua carreira, pois “parecia que não terminava nunca”. Acrescenta que viveu momentos de grande preocupação para que nada desse errado naquele momento tão importante.
“Lembro da última curva. Eu entrando na reta de chegada, aquela imagem que eu tinha do Jochen Rindt vencendo um grande prêmio pela Lotus. Não estava acreditando. Ganhei o Grande Prêmio dos Estados Unidos depois de sair de um fim de semana de tragédia”.+
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Depois da primeira vitória de Emerson Fittipaldi, em 1970, o automobilismo brasileiro abriria caminho para a conquista de mais uma centena de GPs. Além dos pódios em várias partes do mundo, o Brasil ganharia projeção com o talento de diversos pilotos.
Entre eles, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa. Todos esses pilotos se juntaram ao grupo seleto de competidores que, ao longo de décadas, tornaram a Fórmula 1 uma das modalidades mais populares no mundo.
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Em baixa atualmente no Brasil pela ausência de um nome de destaque, o esporte se deparou neste mês com uma ótima notícia: o reaparecimento da figura de Michael Schumacher, o maior vencedor de todos os tempos.