Jair Bolsonaro escreveu um artigo para o mesmo jornal em que foi chamado de genocida durante a pandemia. “A resistência e a resiliência da direita têm uma razão muito simples: nossas bandeiras, mesmo sob ataque do grosso dos veículos de comunicação e de seus jornalistas, expressam os sentimentos e anseios mais profundos da maioria da sociedade”, diz o texto do ex-presidente, publicado na Folha de S.Paulo no último domingo, 10.
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Intitulado “Aceitem a democracia”, o artigo expõe os motivos para o crescimento global dos espectros políticos ligados à direita. Os resultados das eleições para presidente na Argentina e nos Estados Unidos, assim como para prefeitos e vereadores no Brasil, afirma Bolsonaro, revelam que os ventos da democracia sopram com direção e sentido bem definidos.
“Cada um que faça suas escolhas”, escreveu ele à Folha. “Nós, da direita, tão injustamente acusados de ‘extremismo’, continuaremos perseverando no caminho que sempre defendemos, o da liberdade e da democracia, entendida como o governo do povo.”
A esquerda envelheceu mal, diz Bolsonaro
A cada vez que um político alinhado à direita vence uma eleição, surgem as acusações de fascismo ou “inimigo da democracia”. Entretanto, argumentou Bolsonaro, basta olhar a reação dos acusadores às próprias derrotas nas urnas para ver que é deles a dificuldade de aceitar a escolha popular, quando esta lhes contraria.
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Os esquerdistas, prossegue o ex-presidente, também perderam o contato com o próprio pretenso eleitorado, “os trabalhadores que um dia disseram representar”. De acordo com o presidente de honra do PL, “são incapazes de compreender que não é possível, a não ser numa ditadura absoluta, impedir a manifestação da vontade popular, da qual os líderes são apenas portadores”.
Essa miopia política tem fortalecido ainda mais a direita, prossegue o artigo. Enquanto surgem cada vez mais líderes à destra do espectro político, “capazes de canalizar e expressar a vontade majoritária do povo”, não há novos quadros na esquerda.
“O cenário da esquerda é de envelhecimento e desolação”, escreveu Bolsonaro. “Até os seus porta-vozes menos alheios à realidade reconhecem.”
Sumiu o medo de ser conservador
Nada consegue conter a onda conservadora, conclui Bolsonaro. Censura, cancelamentos, boicote econômico, perseguições policiais ou mesmo “as longas, arbitrárias e injustas prisões” foram insuficientes para mudar as escolhas dos eleitores. Afinal, “quando uma ideia ganha a alma do povo, é inútil tentar matá-la simplesmente por meio da violência”.
O ex-presidente também recriminou a apresentação de analistas e cientistas políticos da guinada à direita como se fosse ao centro. “Basta prestar atenção às propostas ultimamente aprovadas nas urnas” para saber que a virada não converge para o centro, argumenta Bolsonaro.
Quando a sociedade tem espaço para opinar, diz ele, a maioria escolhe a ordem, o desenvolvimento, o progresso, a liberdade econômica, a liberdade de expressão, o respeito às famílias e à religião e o patriotismo. “São as bandeiras que nós, da direita, vimos levantando há anos, mesmo sob graves ameaças autoritárias.”
Ao final do texto, ele afirma o compromisso dos líderes da direita de seguir com o esforço para ouvir o povo e se conectar aos anseios mais profundos da sociedade. “Trabalharemos com a serenidade e a obstinação de quem se esforça todos os dias por um futuro melhor para as pessoas, para as famílias e para o nosso Brasil.”
Leia também: “A democracia falou”, artigo de J. R. Guzzo publicado na Edição 242 da Revista Oeste
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