Quatro entidades de classe criticaram nos últimos dias os ataques sofridos pelo jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) e pela jornalista Andreza Matais, colunista e editora-executiva da publicação em Brasília. No entanto, nenhuma das associações citou os nomes das principais figuras políticas por trás da campanha de difamação: a deputada federal pelo Paraná e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
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Gleisi foi responsável por acusar o jornal, via postagem no Twitter/X, de “fabricação de escândalo” contra Dino no caso envolvendo as visitas de Luciane Barbosa Farias, a “Dama do Tráfico”, ao Ministério da Justiça para reuniões com secretários de Dino — eventos esses que foram confirmados pela própria pasta. Além disso, a petista tentou descredibilizar o trabalho de uma mulher jornalista ao repercutir uma denúncia anônima feita ao Ministério Público do Trabalho contra Andreza.
Sem menção direta ao nome do jornal, Dino citou o que classificou como “reportagem desmontando as vis difamações” contra ele. No caso, o integrante do governo Lula referia-se a conteúdo publicado no site da Revista Fórum, em que o jornalista Leandro Demori, que é contratado da Empresa Brasil de Comunicação, faz ilações para acusar o Estadão de ter se tornado “porta-voz da extrema direita”.
“O mal por si só se destrói. A frase, muito conhecida, tem inspiração bíblica. Lembrei-me disso ao ler uma reportagem desmontando as vis difamações contra mim engendradas”, afirmou Dino, em postagem divulgada no último domingo, 19. “Não foi a primeira, infelizmente não será a última. ‘Follow the money‘ é um bordão muito conhecido. Quando isso é feito mesmo, a ‘elite do crime organizado’ reage. Mas nunca me intimidei nem me intimidarei com essas organizações criminosas, tampouco com seus poderosos aliados e amigos.”
O mal por si só se destrói. A frase, muito conhecida, tem inspiração bíblica. Lembrei-me disso ao ler uma reportagem desmontando as vis difamações contra mim engendradas. Não foi a primeira, infelizmente não será a última.“Follow the money” é um bordão muito conhecido. Quando…
— Flávio Dino ???????? (@FlavioDino) November 19, 2023
As notas contra os ataques sofridos por Andreza e Estadão, mas sem menções a Dino nem Gleisi
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) foi a primeira entidade a se manifestar em relação aos ataques digitais contra o Estadão. A ANJ falou em “flagrante desrespeito à liberdade de imprensa” e destacou a estratégia de se tentar “desviar o foco de reportagens incômodas”. Os nomes de Gleisi e Dino, contudo, não foram mencionados pela instituição, que divulgou nota de repúdio na segunda-feira 20.
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Na noite desta terça-feira, 21, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e a Federação Nacional dos Jornalistas divulgaram comunicado em conjunto. Mais uma vez, repudiou-se os ataques contra Andreza Matais e o Estadão. Em nota, as duas entidades pedem, inclusive, para o código de ética da profissão ser respeitado. No entanto, os promotores dos ataques — Gleisi, Dino e aliados do PT nas redes sociais — não foram citados.
Também na noite de terça-feira, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo divulgou nota de repúdio em relação ao caso definido como “ação massiva de descredibilização da imprensa”. A instituição chega a classificar como “inadmissível” autoridades usarem as redes sociais com esse propósito. Mas assim como nas outras notas, Gleisi e Dino não são citados de forma direta.
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