Em editorial publicado na manhã desta quarta-feira, 19, o jornal O Estado de S. Paulo analisou a atual situação da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. Num “afago a Lula”, o órgão afrouxou as regras de nomeação para cargos executivos em conselhos fiscais e de administração de grandes companhias nas quais investe o dinheiro de seus cotistas.
Os critérios mais recentes facilitam a indicação de representantes de sindicatos, em que, conforme o jornal, “o lulopetismo reina”, de integrantes de associações e até de pessoas sem experiência.
“Essas regras, por óbvio, abriram caminho para o aparelhamento desses conselhos pela companheirada”, analisou o Estadão. “É por isso que sindicalistas passaram a integrar as altas instâncias da Vale, da Gerdau e da Neoenergia. Novas indicações vão ocorrer neste ano, quando haverá o preenchimento de mais de 60 cargos, e, em breve, será possível medir o impacto dessa flexibilização.”
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As diretrizes que embasam as decisões para as indicações de cargos com alta remuneração aparecem em edital, publicado anualmente. Em 2023, primeiro ano de Lula, as regras seguiram como nas gestões anteriores. Assim, garantia pontuações maiores a candidatos mais bem preparados, como os com formação em economia, administração e Direito.
As mudanças na Previ sob a gestão de Lula

Desde o ano passado, no entanto, houve o estabelecimento de parâmetros mínimos de formação, como a contemplação igual a qualquer graduação. Além disso, os editais de 2024 e 2025 equipararam experiência em postos de direção de sindicatos, associações e federações a experiências em cargos na própria Previ e em empresas privadas.
“A Previ parece estar a serviço do governo para que as indicações nessas empresas atendam às expectativas do presidente Lula da Silva, num processo de corrosão de medidas de governança que foram implementadas justamente para assegurar transparência e eficiência ao fundo”, afirmou o Estadão.
Para além do problema técnico, o jornal argumenta que a história mostra que a falta de profissionalismo já acarretou problemas perigosos. “Recorde-se que os Correios e a Petrobras tiveram de cobrir prejuízos em seus fundos de pensão (Postalis e Petros, respectivamente) depois que estes realizaram investimentos arriscados, alinhados aos projetos lulopetistas”, escreveu.
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“Com mais de R$ 270 bilhões sob sua gestão, a direção da Previ reforça com tudo isso seu alinhamento ao lulopetismo, ao dar ao governo federal poder de influência na escolha de nomes para colegiados de negócios estritamente privados. E, para piorar, esse movimento se dá com o dinheiro dos funcionários e dos aposentados do Banco do Brasil, e em detrimento de seus interesses, ameaçando suas economias.”