O jornal O Estado de S. Paulo comentou, em editorial nesta quarta-feira, 19, a queda de posição do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional (TI). O país foi do 69º lugar, no início da série histórica em 2012, para o 107º, entre 180 países.
É a pior colocação do Brasil desde o início da série histórica.
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A reação do governo, diz o Estadão, foi abrir fogo contra o mensageiro das más notícias, através da Controladoria-Geral a União (CGU), “como já virou rotina”. O ministro Vinícius Marques desdenhou dos dados da TI, aos quais chamou de “conversa de boteco”, e cobrou a instituição por algo que ela nunca prometeu: um índice de ocorrência da corrupção.
O Brasil registrou o pior desempenho da série histórica no Índice de Percepção da Corrupção, publicado hoje pela Transparência Internacional.
— Transparência Internacional – Brasil (@TI_InterBr) February 11, 2025
O IPC avalia 180 países e atribui notas entre 0 (quando o país é percebido como altamente corrupto) e 100 (quando o país é percebido como… pic.twitter.com/uwzgQstFOH
“A ironia é que esse mesmo índice ora espinafrado pelo governo de Lula da Silva foi considerado confiável e pertinente pelos petistas quando apontou problemas nos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro”, diz o jornal.
Como lembra o editorial, a corrupção é, por natureza, um crime obscuro. “Assassinatos ou roubos são facilmente mensuráveis, ainda que os criminosos não sejam identificados ou punidos”, diz o texto. “Mas, quanto mais competentes os corruptos, mais invisíveis são seus crimes.”
Por causa disso, o IPC cruza dados de 13 organizações internacionais reputadas com enquetes com lideranças jurídicas, empresariais e acadêmicas para medir a “percepção”. Fatores como arbitrariedade e falta de transparência, que criam um ecossistema fértil para a ilicitude, são os parâmetros para essas perspectivas.

Então, a partir das percepções dos especialistas, o relatório da TI elenca condições concretas de risco ou probabilidade de corrupção. Ou seja, o cardápio de “ocasiões” que fazem os ladrões, na linguagem popular. Em 2024, muitos desses campos foram gestados no Executivo, Judiciário e Legislativo.
O presidente Lula, diz o Estadão, “não só cultiva um silêncio ensurdecedor sobre a pauta anticorrupção, como concertou com o Congresso o fortalecimento das emendas ao Orçamento — uma usina de irregularidades —, omitiu-se diante de indícios de desvios na Codevasf e de mau comportamento de seu ministro das Comunicações, premiou com benefícios bilionários os irmãos Batista — outrora relacionados a cabeludos casos de corrupção —, interferiu na gestão de estatais para acomodar apadrinhados, bateu recordes de negativas a pedidos de acesso à informação e mantém nas sombras as operações do ‘Novo PAC’”.
Assim, “para a surpresa de ninguém”, a TI constatou que “foi no âmbito do Judiciário, em particular no STF, onde mais se avançou, em 2024, o desmonte da luta contra a corrupção”. As canetadas monocráticas de Dias Toffoli, diz o Estadão, anularam no atacado provas e multas contra centenas de criminosos confessos condenados na Operação Lava Jato.
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A Procuradoria-Geral da República chegou a apresentar recursos contra todas essas decisões, mas os ministros “não encontraram tempo para julgá-los”, pois estavam “emaranhados em conflitos de interesses, espremidos entre eventos de lobistas”, completa o jornal.
Já o Congresso, mesmo em meio ao esforço intenso para legalizar cassinos e bets, encontra tempo para ampliar com apetite voraz o volume e as modalidades das emendas. Esses mecanismos, “sob uma cortina de fumaça regimental, degradam políticas públicas, pulverizam a corrupção e distorcem a competição democrática”, afirma o editorial.
Cresce a parcela da população que percebe aumento da corrupção no governo Lula
A captura do Estado por corporações oligárquicas vem acompanhada da infiltração cada vez mais desabrida do crime organizado nos espaços de poder, prossegue o texto do Estadão.

Em nota oficial, a CGU sugere que o governo está sendo penalizado por seu afinco no combate à corrupção, já que a “exposição de casos e investigações impacta negativamente a percepção sobre o problema”.
Longe de reconhecer a gravidade dos fatores de risco cotejados pelo IPC, a CGU entende que o relatório em si mina a “confiança nas instituições democráticas” ao se embasar em pesquisas com “empresários” que não exprimem a “percepção da população” e distorcem o debate.
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O ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, disse nesta manhã, na @GloboNews, que nossa crítica ao silêncio de Lula sobre a pauta anticorrupção é “conversa de boteco”.
— Transparência Internacional – Brasil (@TI_InterBr) February 11, 2025
Dos 231 discursos do presidente em 2024, em apenas 10 ocasiões ele citou a palavra “corrupção” — e em todas as… pic.twitter.com/WFgFequJdL
Como afirma o Estadão, faltou pouco para o governo denunciar a TI como “um agente de desinformação da extrema direita, empenhada em atacar a democracia e conspirar contra o governo do povo”.
No mesmo dia da divulgação do relatório, ironicamente, uma pesquisa do PoderData revelou que, em um ano, cresceu de 39% para 45% a parcela da população que acha que aumentou a corrupção sob Lula.
Outra pesquisa, da Atlas, informou que as maiores preocupações da população são, de longe, a criminalidade e a corrupção, e entre as maiores reprovações ao governo estão justamente o combate à criminalidade e à corrupção.
Lula não cospe pra cima!
Mas se não tiver corrupção, como vai conseguir pagar um monte de gente que se infiltra (como aqui nos assinantes da Revista Oeste) para poder ficar lambendo esse governo podre que ai está e criticando tudo que é correto / honesto / moral….. Nas ultimas semanas ficou claro a infiltração de vários pelegos do governo aqui só para que os comentários, que sempre foram coerentes, passarem a ter opiniões de narrativas ridículas à favor do molusco e sua trupe.
Onde está correto defender o fim de uma lei de combate a corrupção?
Seja honesto e me diga, onde?
Tonhô Nojeira, conforme seu questionamento, faço os meus: Onde estava correto manter a elegibilidade do seu líder Luladrão, depois de condenado, igual ele foi? Igual também pela Dilma, impichada mas pode se candidatar, contrariando a lei?
Já Bolsonaro faz o contrário, ele faz muito barulho pelo fim da lei da ficha limpa.
Antes fizesse como Lula, ficasse quieto.