Meses depois de ter demitido uma repórter que aceitou se envolver em um evento da Confederação Brasileira de Futebol, a emissora adotou uma postura mais branda diante de uma infração mais séria que a cometida por Lívia Torres. Mônica Waldvogel, âncora de telejornais da GloboNews, usou as redes sociais para fazer propaganda de sapatos de uma grife. A veterana, no entanto, só foi advertida e não sofreu nenhuma outra sanção.
Apresentadora do Em Ponto desde julho do ano passado, a jornalista aceitou posar para uma espécie de catálogo de uma marca de calçados de luxo. As fotos em que a jornalista posa com diversos pares de sapatos da marca e com a proprietária da grife foram publicadas no Instagram na tarde de segunda-feira, 22, com direito à uma marcação do perfil de Mônica Waldvogel.
A imagem, reproduzida mais abaixo, só foi removida no início da tarde desta terça-feira, 23, depois da reportagem do TV Pop, parceiro editorial da Oeste, ter procurado a Globo.
Um dos calçados do jabá de Mônica Waldvogel, por sinal, foi utilizado por ela para apresentar o Edição das 18h de segunda-feira e acabou servindo de gancho para incrementar as vendas da grife. Enquanto o ensaio fotográfico feito pelo jornalista permaneceu no ar, vários internautas repararam na coincidência.
Mônica Waldvogel admitiu ter protagonizado ensaio para marca
“Moro em Santos, sabia que você usava na apresentação do Jornal GloboNews os sapatos da A Mafalda“, afirmou o perfil de Rúbia Zeferino. Na mesma publicação, a empresa aproveitou para anunciar o preço do sapato aos possíveis interessados: R$ 810.
Mônica foi chamada pela diretoria de Jornalismo da Globo na manhã desta terça-feira, depois de comandar o Em Ponto. Em sua defesa, a jornalista afirmou que não sabia que as fotos em questão seriam divulgadas na internet, e garante que as imagens teriam sido publicadas sem o seu consentimento.
A Globo confirmou o argumento da apresentadora em comunicado enviado ao TV Pop, parceiro editorial da Oeste, disponível no final deste texto. Ela foi advertida, e alertada de que uma eventual reincidência poderia culminar em punições mais graves, como suspensão e até mesmo a rescisão de seu contrato.
César Tralli foi pivô de lei anti-jabá instituida na Globo
O monitoramento das redes sociais dos profissionais do telejornalismo ficou ainda mais sério desde dezembro de 2017, quando César Tralli publicou fotos divulgando empresas que organizaram o seu casamento com Ticiane Pinheiro. Na época, o então apresentador do SP1 negou categoricamente que tivesse feito jabás para organizar seu matrimônio.
Ele também foi poupado de uma sanção mais séria, mas acabou causando um e-mail de Ali Kamel, então diretor-geral de Jornalismo, dando bronca em todos os seus comandados e vetando, explicitamente, qualquer tipo de publicidade feita por jornalistas.
Mais de seis anos se passaram, mas as regras ainda não foram assimiladas pelos funcionários. Em julho do ano passado, ciente dos constantes descumprimentos de sua lei anti-jabá, a Globo decidiu eleger um dos infratores para uma punição exemplar.
Lívia Torres, então repórter dos jornais locais do Rio de Janeiro, foi demitida por ter aceito convite para comandar um evento da CBF que seria exibido pelo SporTV, canal por assinatura da própria Globo. Seis meses se passaram, outras infrações ocorreram, mas nenhuma com uma pena tão grave.
Jornalista experiente, Mônica Waldvogel está na Globo ininterruptamente há mais de duas décadas. No seu caso, alegar desconhecimento das normas e dizer que jamais aceitou protagonizar uma publicidade, apesar de ter autorizado sua marcação nas fotos publicadas pela grife, colou para evitar uma punição mais grave.
“Mônica fez as fotos, mas não sabia que seriam publicadas nas redes sociais. O uso da imagem, portanto, não foi autorizado pela jornalista e as fotos foram inclusive tiradas do ar depois que Mônica acionou a loja”, informou a Globo em nota enviada ao TV Pop.
Leia mais detalhes sobre a notícia no site TV Pop, parceiro editorial da Revista Oeste
Parece que as coisas não voltaram aos gloriosos anos de fartura, riqueza e boçalidade. Ate que provem fidelidade canina, no tom que Janja mandar, o aperto continua. “Fazer um por fora” sempre foi tolerado, mas com certeza o departamento comercial da emissora tem muito mais gente pendurada no ouro flutuante.
Só podem, e devem, fazer jabá pro desgoverno do Ladrão