A explosão no Hospital Batista Al-Ahly, em Gaza, na terça-feira 17, tornou-se o principal front da guerra de narrativas nesta segunda semana do conflito entre o Estado de Israel e o grupo terrorista Hamas. O indefensável ataque a um hospital, onde se cuida justamente de inocentes e feridos pela guerra, era um prato cheio contra quem quer que tivesse disparado.
Entre muitas informações desencontradas, a imprensa tradicional de modo geral — no Brasil e no mundo — não titubeou em atirar primeiro e perguntar depois. Atribuiu, assim, a responsabilidade do ataque a Israel.
Por causa disso, vários países da região, até mesmo aliados dos israelenses, colocaram nestes a culpa pelo fatídico evento. No Oriente Médio, protestos de rua estouraram em diversos desses países.
Terroristas assumidos acusam país de terrorismo de Estado
A notícia e a acusação fizeram escalar a já elevada tensão na guerra ao terror empreendida por Israel. Era “apenas” mais uma denúncia de terrorismo de Estado que o país recebe desde sua fundação em 1948.
A princípio, falava-se em 500 mortos, todos civis — e palestinos. Um crime de guerra, portanto.
A fonte, porém, era exclusivamente o Ministério da Saúde de Gaza, instituição sob controle do Hamas. Já a única “evidência” de que a origem do míssil era Israel seria uma ordem sua de dias atrás, para que se evacuasse o hospital, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Israel arca com o ônus da prova para atestar inocência
As Forças de Defesa de Israel (FDI) negaram de pronto a acusação, afirmando que o autor do ataque havia sido a Jihad Islâmica. Divulgaram imagens como prova e em seguida as apagaram, pois os horários não batiam com os dos bombardeios.
No entanto, pouco depois, as FDI divulgaram um áudio que teriam interceptado de agentes do Hamas. Nele, os terroristas confirmavam que não havia sido Israel o autor.
Imagens de câmeras de segurança na fronteira israelense com o norte da Faixa de Gaza, além de imagens do canal árabe Al-Jazeera, confirmam essa versão. Nos vídeos, se vê o disparo do foguete a partir do território palestino, caindo dentro de Gaza.
Ampla defesa… do Hamas
Por sua vez, há aqueles que negam que os mísseis à disposição do Hamas na Faixa de Gaza sejam tão potentes. No entanto, a destruição que um foguete do Hamas causou no Hospital Barzilay, em Israel, aparenta tamanho poderio.
Outro número depõe contra o Hamas. Entre 20% e 30% dos mísseis que terroristas lançam desde a Faixa de Gaza acabam caindo em solo palestino.
Além disso, as primeiras imagens do hospital em Gaza, divulgadas nesta quarta-feira, 18, mostram apenas o estacionamento destruído pelo ataque. Isso colocaria em xeque a quantidade de mortos que o ministério sob controle do Hamas divulgou.
Checagem de fatos e garantia de direitos
Até aqui, os indícios tendem a corroborar a versão das FDI, de que Israel não foi responsável por tal crime de guerra. Apesar disso, a guerra de narrativas parece mais favorável aos opositores de Israel, sejam antissionistas ou antissemitas.
Se a primeira vítima de uma guerra é sempre a verdade — conforme a clássica frase —, na guerra de narrativas, os fatos são feitos de refém. A responsabilidade jornalística de checar informações quantas vezes forem necessárias, sem prejuízo da velocidade e da novidade da informação entregue ao público, é ainda mais aguçada quando a imagem de todo um povo está em jogo.
E, no caso do povo de Israel e o seu Estado, sua “imagem” está diretamente relacionada ao seu próprio direito — antes mesmo de se defender — de existir.
Acompanhe a cobertura completa de Oeste dos desdobramentos do ataque ao hospital em Gaza.