O Washington Post tem salvação?

O Washington Post virou exemplo de jornalismo investigativo e combatividade entre 1971 e 1974 ao provocar a derrubada do ex-presidente republicano Richard Nixon com matérias sobre o escândalo Watergate. Seus repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward viraram personagens de cinema interpretados por Robert Redford e Dustin Hoffman (no filme All the President’s Men, de 1976).

A fama dos tempos de Watergate foi se esmaecendo e o WP perdeu o brilho. Recebeu uma injeção de ânimo no valor de 250 milhões de dólares em 2013 quando o empresário Jeff Bezos, dono da Amazon, comprou o jornal. Parecia que o dinheiro ia reviver os bons tempos. Só que não.

Desde a eleição de Joe Biden, o jornal se dedica obcessivamente a militar pelo atual presidente e a combater Donald Trump. Resultado: desde 2021, mais de meio milhão de leitores do WP cancelaram suas assinaturas. Outros fatores econômicos determinaram esse movimento, claro. Mas o jornal parece estar acordando para o fato de que militância descarada afasta leitores. “Não é o papel da imprensa prevenir (a vitória de Trump)”, disse recentemente o editor executivo Joe Kahn numa entrevista. “Então nós viramos um instrumento da campanha de Biden? Nós nos tornamos a Agência Xinhua ou o Pravda?”.

A nova experança do Washington Post chama-se Will Lewis, que assumiu o posto de Publisher no final do ano passado. Lewis é profissional, vem do bem sucedido Wall Street Journal e logo começou a promover as reformas necessárias ao WP.

Segundo matéria de Joe Concha para o New York Post, quando os editores militantes reclamaram das mudanças, Will Lewis respondeu: “Nós estamos perdendo grande quantidade de dinheiro. As pessoas não estão lendo o que vocês produzem. Não dá mais para disfarçar isso”. Só no ano passado, o Post perdeu 77 milhões de dólares.

O Washington Post é um marco da imprensa mundial. Seria muito bom para seus 2,5 milhões de assinantes que retomasse seu caminho de bom jornalismo.