Proselitismo: no UOL Esporte, Milly Lacombe defende a saída de Campos Neto do BC

A editoria de esportes do UOL, site mantido pelo Grupo Folha, abriu espaço para um texto sobre o cenário político-econômico do Brasil. Em artigo publicado nesta segunda-feira, 8, a colunista Milly Lacombe defende a saída de Roberto Campos Neto da presidência do Banco Central (BC).

Com o título “Tirar Campos Neto do BC não é apenas legítimo: é também constitucional”, a jornalista do UOL Esporte não analisa nenhum feito da esfera esportiva. Em 46 parágrafos, a jornalista critica o atual patamar da Selic, a taxa de juros do país — que é definida mensalmente pelo Comitê de Política Monetária do BC e que está em 13,75% ao ano.

“O Banco Central deveria agir para equilibrar a política monetária, e não usar ferramentas para drenar recursos públicos para fins improdutivos”, escreveu a colunista. Assim, a colaboradora do UOL Esporte endossa o discurso do presidente Lula e de outros integrantes do governo federal contra o trabalho de Campos Neto à frente do BC.

A ausência de teor esportivo no texto assinado por Milly para o UOL Esporte repercutiu nas redes sociais. No Twitter, o nome da colunista aparece, no fim da tarde desta segunda-feira, na lista de assuntos mais comentados entre usuários da rede social no Brasil. Internautas ironizam a situação.

Vereador de São Paulo, Rubinho Nunes (União Brasil) destacou a “novidade”: uma página que tem esporte no nome passou a discutir a política monetária do país.

Procurador do Estado do Rio de Janeiro e professor em Direito constitucional da Fundação Getulio Vargas, Felipe Fonte usou o seu perfil na rede social para criticar o embasamento da colunista para afirmar que a retirada de Campos Neto da presidência do BC seria constitucional.

Outra polêmica de Milly Lacombe

Parar na lista de assuntos mais comentados no Twitter por causa de um texto sobre política monetária num site de esporte não é a primeira polêmica envolvendo Milly Lacombe. Em 2006, quando era contratada do SporTV, canal do Grupo Globo, ela acusou Rogério Ceni, então goleiro do São Paulo Futebol Clube, de ter falsificado um documento.

Além de entrar ao vivo na programação do SporTV para negar a acusação feita pela jornalista, Ceni processou a comentarista. Apesar da acusação sem provas, o UOL Esporte classificou, em 2022, o episódio como “erro” e “falou bobagem” — além de cravar que a comentarista sofreu “ataques e ameaças” por causa da acusação.

“Eu não consigo, por exemplo, olhar para o Rogério [Ceni] e deixar de lembrar de quando ele falsificou a assinatura do Arsenal [time de futebol da Inglaterra], disse Milly, em 2006, durante programa transmitido ao vivo pelo SporTV.