Quando nasci, Silvio Santos tinha 53 anos, mas já era uma lenda viva: o cidadão brasileiro nascido numa família humilde e que se tornou o primus inter pares, a majestade absoluta, o maior comunicador de todos e, ao mesmo tempo, dono do seu próprio nariz e império, apesar de esnobado pela elite midiática da sua época, em particular pelo fundador da Record e da Panamericana, o milionário barão da imprensa Paulo Machado de Carvalho, que, um dia, dissera a Silvio Santos que ele não tinha sobrenome, não tinha “pedigree” para fazer parte do mesmo círculo que ele.
Silvio Santos é sinônimo de determinação, de volta por cima, de festa, de milhão, de vitória, de igualdade, de “pop” (no Brasil, nenhum papa foi páreo para ele); sinônimo dos calouros, da fantasia, da música, do desafio e do sonhos. Pensar em Silvio Santos é pensar na família brasileira reunida, com alegria, diante de uma porta da esperança misteriosa, mas sempre aberta.
O carioca que se tornou, ainda, sinônimo de São Paulo, porque devoto amigo de todo o Brasil, contava nos dedos de uma só mão os amigos da sua vida pessoal. De fato, o Silvio Santos “é coisa nossa”. Aliás, deixo claro a quem ainda se pergunta: nunca foi peruca; sempre foi o Jassa.
Sílvio Santos é, por fim, sinônimo de domingo. Tornou-se, para o nosso povo, maior que o próprio domingo; tornou-se o Senhor do Domingo, o que não é pouco. Se o domingo é, no latim, dies dominicus, o “dia senhor”, Silvio Santos é o Senhor do Dia do Senhor, e, apesar da tristeza que sinto com a sua partida, não me espanto em concluir que ele tenha deixado este mundo neste dia de sábado – sábado: justamente o dia no qual o Senor descansou.
Muito bom o texto. Parabens! E saudoso e querido Senor (Silvio Santos)
Escreve mais Pavinatto. Brilhante texto sobre o dia em que Senor descansou. Faltava este texto cheio de Sílvio Santos.
Morreu no dia Sagrado. Filho de imigrantes perseguidos, viveu e venceu, espalhando alegria.