Soldados da Coreia do Norte enviados para a guerra na Ucrânia experimentaram, pela primeira vez, o acesso irrestrito à internet. Como resultado, teriam passado a consumir enormes quantidades de pornografia on-line, segundo o jornalista britânico Gideon Rachman, principal comentarista de relações exteriores do jornal Financial Times.
“Uma fonte geralmente confiável me disse que os soldados norte-coreanos que foram enviados à Rússia nunca tiveram acesso irrestrito à internet antes”, escreveu Rachman, em seu perfil no Twitter/X, nesta terça-feira, 5. “Como resultado, estão se fartando de pornografia.”
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A Otan e o Pentágono confirmaram que cerca de 10 mil soldados norte-coreanos estão na Rússia, com a maioria concentrada próximo à fronteira da Ucrânia em Kursk, onde as forças do Kremlin enfrentam dificuldades para repelir ataques ucranianos.
O Pentágono afirmou que não pode confirmar os relatos. O porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, Major Charlie Dietz, disse que não podia verificar “nenhum hábito de internet ou ‘atividades extracurriculares’ virtuais dos norte-coreanos” na Rússia. “Quanto ao acesso à internet, essa é uma questão melhor direcionada a Moscou”, desconversou Dietz.
A usually reliable source tells me that the North Korean soldiers who have deployed to Russia have never had unfettered access to the internet before. As a result, they are gorging on pornography.
— Gideon Rachman (@gideonrachman) November 5, 2024
Embora o acesso à internet não seja completamente livre na Rússia, ele é mais aberto do que na Coreia do Norte, um dos países mais restritivos do mundo. Assistir a pornografia no país pode custar a vida, pois o líder Kim Jong-un ordenou que sua nova equipe secreta atire em qualquer pessoa que assista a vídeos adultos.
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Um relatório do Centro de Base de Dados para os Direitos Humanos da Coreia do Norte (NKDB), com base em Seul, cita um depoimento em que “pessoas que foram executadas por distribuírem conteúdos culturais impuros”. “Houve uma pessoa que foi executada por assistir pornografia e manter atividades de prostituição em sua casa depois que Kim Jong-un assumiu o poder”, diz o documento.
Sinais de vício em pornografia
- Não conseguir parar: mesmo decidida, a pessoa não consegue deixar de acessar a pornografia.
- Querer sempre mais: a frequência com que consome conteúdo pornográfico apenas aumenta e, quando passa um tempo sem consumi-los, sente um desejo, como inquietação.
- Passar horas no computador ou celular: o tempo dedicado à pornografia começa a ser cada vez mais longo, por vezes grande parte do dia. A pessoa pode perceber uma queda na sua produtividade ou ficar desinteressada em outras atividades.
- Menor interesse em sexo: perda de interesse pelo sexo real e de desejo sexual pelo parceiro ou parceira, assim como precisar de mais estimulação do que antes para se excitar.
- Maior exigência: o vício em pornografia pode desenvolver ideias irreais sobre sexo. Nesse sentido, as exigências durante a relação podem aumentar de forma desproporcional e levar, consequentemente, a casos de frustração. Quando isso ocorre, o parceiro ou parceira pode se sentir fisicamente e emocionalmente desconfortável.
- Perder atração física: além das expectativas irreais em relação ao sexo, o vício em pornografia também pode levar a visões distorcidas sobre beleza. Isso pode reduzir a atração física que a pessoa sente pelos outros na vida real.
- Dor física: a dor física também pode ser um sinal, por causa da repetição de certos movimentos físicos por longos períodos ou ao esforço que vem com o uso excessivo do computador ou celular. Dores no pulso, no pescoço, nas costas e na cabeça são as mais comuns.
- Perder dinheiro: apesar da farta quantidade de pornografia gratuita disponível na internet, é comum que viciados gastem dinheiro com conteúdos que considera de maior qualidade, o que pode desencadear dificuldades financeiras. Nesses casos, a pessoa deixa de pedir ajuda por sentir vergonha de contar a verdadeira origem das suas dívidas.
- Maior distração: a maior distração no dia a dia também pode ser um sinal porque a mente começa a divagar para a pornografia em momentos aleatórios da rotina, como em encontros com amigos, familiares ou colegas de trabalho.
- Mais raiva: como em qualquer vício, se a pessoa não consegue parar de usar pornografia, pode se tornar facilmente irritável quando ela não está disponível. Isso leva a uma paciência reduzida, momentos de maior agressividade e até a mudanças mais profundas na personalidade.
Leia também: “Um mundo em guerra”, reportagem de Edilson Salgueiro publicada na Edição 106 da Revista Oeste