Ao divulgar relatório sobre a inspeção na usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, nesta terça-feira, 6, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), pediu que os combates entre russos e ucranianos sejam interrompidos em uma zona de segurança ao redor da maior usina nuclear da Europa.
“A AIEA recomenda que os bombardeios no local e em suas proximidades sejam interrompidos imediatamente para evitar mais danos à usina e a instalações associadas, para a segurança da equipe operacional e para manter a integridade física da usina. Isso exige acordo por todas as partes, para o estabelecimento de uma zona de proteção e segurança nuclear”, sugere a agência, no relatório.
Os especialistas em segurança nuclear da AIEA informam que “encontraram grandes danos na usina”, mas o relatório não atribui culpa pelos estragos a nenhum dos lados. Entretanto, considera a situação “insustentável” e adverte para o “risco de desastre” se os ataques não pararem.
Constantemente, Rússia e Ucrânia têm se acusado mutuamente de ataques próximos ou contra a instalação, que chegou a ser completamente desligada no fim de agosto. Tomada pela Rússia logo após a invasão da Ucrânia, a usina é controlada por forças russas, mas administrada por técnicos ucranianos.
“Embora o combate ainda não tenha desencadeado uma emergência nuclear, continua a representar uma ameaça constante à segurança e à proteção nuclear, com potencial impacto em funções críticas de segurança, que podem levar a consequências radiológicas com grande significado de segurança”, informa outro trecho do relatório da agência.
Os inspetores disseram ter encontrado tropas e equipamentos russos na usina, incluindo veículos militares estacionados em salas de turbinas. A Rússia nega ter usado a usina como escudo para suas forças, mas admite que tem tropas no local para garantir a segurança.
O relatório ainda descreve a situação da equipe operacional ucraniana, “que está sob constante estresse e pressão”. “Isso não é sustentável e pode levar a um aumento do erro humano, com implicações para a segurança nuclear”, alertam os especialistas da AIEA.
Segundo a agência, cuja equipe chegou a Zaporozhzhia na semana passada, dois inspetores permaneceram na usina. Na semana passada, ao terminar a inspeção, o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, havia dito que a permanência dos dois especialistas poderia “contribuir para a estabilização e facilitar a relação entre as partes do conflito”.
O relatório da AIEA listou áreas da usina que foram danificadas, incluindo um prédio que abrigava combustível nuclear, uma instalação para armazenar resíduos radioativos e um local que abrigava um sistema de alarme. Informou, ainda, que a energia foi cortada várias vezes de forma a comprometer uma operação segura e pediu o fim de todas as atividades militares que possam interromper a energia.