Depois de prolongadas negociações e protestos de setores peronistas ligados ao governo, a Argentina anunciou nesta quinta-feira, 3, que conseguiu fechar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a dívida de US$ 45 bilhões. O acerto depende ainda da aprovação do Congresso, onde o presidente Alberto Fernández enfrenta resistências.
Em janeiro, o governo informou que havia obtido um entendimento de princípio com o FMI, sobre o passivo acumulado desde 2018. Políticos e líderes sindicais peronistas organizaram manifestação de rua contra o pagamento nos termos apresentados, e exigiram que os recursos públicos fossem destinados a programas sociais.
Há mais de um ano que Argentina e FMI negociam, num impasse que afetou os preços dos títulos públicos e dificultou o acesso do país a novos créditos. Nesse período, a inflação cresceu de forma acelerada, enquanto as reservas internacionais despencaram.
Energia mais cara
Pelo acordo, deve ser rolada uma linha de crédito de US$ 57 bilhões de 2018, que não foi paga, levando a Argentina a uma crise que afetou seriamente sua economia. Segundo o governo, um dos itens mais duros do diálogo foi em relação às tarifas de energia, mantidas artificialmente sob controle no ano passado, graças a subsídios que custaram cerca de US$ 11 bilhões aos cofres públicos.
A questão que se coloca, agora, é encontrar um ponto de equilíbrio, em que os reajustes nos preços permitam acumular recursos para o pagamento da dívida, ao mesmo tempo que não representem um sacrifício para os setores mais necessitados da população.
O governo tem pressa para aprovar o acordo no Congresso. Ainda neste mês, precisa pagar US$ 2,8 bilhões ao FMI, de compromissos passados, para poder ter acesso às novas e favoráveis condições. O presidente Alberto Fernández disse aos congressistas que, com a aprovação do documento, a Argentina começará a resgatar a dívida só a partir de 2026, finalizando em 2034.