O governo de Javier Milei anunciou nesta terça-feira, 13, o primeiro pacote para tentar superar a grave crise vivenciada pela Argentina.
Uma mensagem gravada do ministro da Economia, Luis Caputo, indicou quais medidas entrarão em vigor. “Nossa missão é evitar a catástrofe”, declarou o ministro em vídeo.
Saiba mais: Milei corta ministérios pela metade em 1º decreto como presidente da Argentina
O governo decidiu um forte corte nas despesas públicas e uma reforma intensa do Estado. Entre as mudanças, o congelamento de obras públicas, redução de subsídios e interrupção por um ano da propaganda estatal na mídia argentina.
O ministro da Economia declarou que foram gastos 34 bilhões de pesos em publicidade em apenas um ano durante o governo anterior.
Em seu discurso, Caputo falou sobre o estado atual da economia argentina, antecipando que “vamos passar alguns meses piores do que antes, sobretudo em termos de inflação. Digo assim porque, como diz o Presidente, é preferível dizer uma verdade incómoda do que uma mentira confortável”.
O ministro da Economia da Argentina listou as seguintes medidas:
- Contratos de trabalho de funcionários públicos com menos de um ano não serão renovados
- Suspensão da propaganda estatal na mídia argentina por um ano
- Redução de ministérios de 18 para 9 e os secretários de Estado, de 106 para 54
- Reduzir ao mínimo as “ transferências discricionárias do Estado nacional para as províncias”
- Congelamento das obras públicas e cancelamento dos editais já aprovados “cujo desenvolvimento ainda não começou”
- Reduzir os subsídios à energia e transportes
- Mudanças no câmbio oficial, que passara a valer 800 pesos por cada dólar
- Liberação das importações através de uma reforma do sistema de importação SIRA por outro “sistema de informação estatística e de importação que não exigirá aprovação prévia de licenças”.
Situação catastrófica da Argentina
Durante sua mensagem, Caputo fez uma análise sobre a economia Argentina, apontando a gravidade da situação, explicando os motivos que causaram os problemas atuais.
“Estamos definitivamente diante do pior legado da nossa história. Um país onde os argentinos são cada vez mais pobres, com um déficit fiscal que ultrapassa 5 pontos e meio do PIB”, declarou Caputo no início de sua apresentação.
Saiba mais: Javier Milei: como será a posse do novo presidente da Argentina
Caputo destacou que o Banco Central se encontra “com um balanço absolutamente deteriorado, sem dólares como reservas internacionais e com o equivalente a três bases monetárias em passivos remunerados”.
Além disso, explicou que a “emissão monetária” dos últimos quatro anos representa “mais de 20 pontos do Produto Interno Bruto (PIB)” e sustentou que esta situação “tem feito com que a inflação navegue atualmente nos 300% anuais e castigue os argentinos todos os dias”.
“Se continuarmos como estamos, estaremos inevitavelmente no caminho da hiperinflação”, explicou Caputo, ratificando o que Milei havia dito no último domingo, 10, durante a inauguração de seu mandato.
“Podemos atingir níveis (de inflação) de 15.000% ao ano”, disse o ministro da Economia da Argentina, “para que isso possa ser entendido em números, estamos falando de um leite que vai de 400 pesos para 60 mil pesos no espaço de um ano”.