Astrônomos registraram uma destruição estelar nunca antes vista, enquanto procuravam a origem de uma poderosa explosão de raios gama (GRB, na sigla em inglês). Hipóteses sobre o fenômeno já tinham sido feitas há muito tempo pelos pesquisadores. O estudo foi publicado na revista Nature Astronomy, em 22 de junho.
Batizada 191019A, a explosão teria sido resultado de uma colisão de estrelas ou remanescentes estelares, numa região cheia de corpos celestes. O evento teria ocorrido a cerca de 100 anos-luz do núcleo de uma galáxia antiga, próxima de um buraco negro supermaciço.
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“A falta de uma supernova acompanhando a longa GRB 191019A nos diz que esta explosão não é um típico colapso maciço de estrela”, considera Jillian Rastinejad, doutoranda de astronomia que faz parte da equipe.
O estudo é conduzido por pesquisadores da Universidade Radboud, em colaboração com astrônomos da Universidade do Noroeste, nos Estados Unidos, e de outras instituições de pesquisa.
Destruição estelar pode ajudar em nova descoberta
Normalmente, erupções GRB se originam da explosão de estrelas maciças ou fusões de estrelas de nêutrons. No entanto, o fenômeno recém-descoberto é diferente.
“Esta descoberta notável nos dá um vislumbre tentador da intrincada dinâmica em funcionamento nesses ambientes cósmicos, estabelecendo-os como fábricas de eventos que, de outra forma, seriam considerados impossíveis”, disse Giacomo Fragione, astrofísico da Universidade do Noroeste, coautor do estudo.
Até então, os cientistas acreditavam que a maioria das estrelas podia morrer de três modos:
- astros de massa relativamente baixa, como o Sol, “envelhecem” e perdem suas camadas externas;
- estrelas mais maciças criam supernovas que formam estrelas de nêutrons e buracos negros; e
- dois remanescentes estelares desenvolvem um sistema binário e, eventualmente, colidem.
O novo estudo sugere uma quarta possibilidade: as estrelas podem morrer ao se colidirem em algumas das regiões mais densas do universo.
“Isso é empolgante para entender como as estrelas morrem e para responder a outras perguntas, como quais fontes inesperadas podem criar ondas gravitacionais que poderíamos detectar na Terra”, explica Andrew Levan, principal autor do estudo.
A primeira evidência havia sido obtida em outubro de 2019, quando o Observatório Neil Gehrels Swift, da Nasa, detectou um flash de raios gama.