Um ex-gerente de controle de qualidade da Boeing revelou à imprensa norte-americana que os trabalhadores da fábrica do 787 Dreamliner em Everett, Washington (EUA), reutilizavam peças descartadas de um ferro-velho interno na linha de montagem das aeronaves. Merle Meyers, funcionário da empresa por 30 anos, descreveu o esquema como sofisticado e não oficial.
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Para cumprir prazos de produção, gerentes da Boeing reutilizavam peças danificadas e inadequadas provenientes de sucata interna, depósitos e docas de carga. De acordo com Meyers, desde 2000, cerca de 50 mil peças escaparam do controle de qualidade e têm sido usadas na construção de aeronaves.
“É um problema enorme”, disse ele à CNN Internacional. “Um requisito essencial de um sistema de qualidade é manter as peças ruins e as boas separadas”, completou.
Denúncias ignoradas pela equipe de investigações
E-mails antigos revelam que Meyers alertou repetidamente a equipe de investigações corporativas da Boeing sobre essas violações flagrantes das regras de segurança.
Segundo o ex-gerente, os investigadores frequentemente ignoravam testemunhos oculares e os esforços dedicados à segurança de passageiros e tripulantes. Ele também relatou essas preocupações a investigadores federais, um comitê do Senado dos Estados Unidos e ao New York Times.
A Boeing, no entanto, não contestou as alegações de Meyers e declarou que investiga todas as denúncias de comportamento inadequado, implementando melhorias quando necessário.
Acusações de ocultação de peças defeituosas
No mês passado, Sam Mohawk, inspetor de qualidade da Boeing, alegou que a empresa gerenciou mal e deixou de rastrear centenas de peças defeituosas, algumas das quais podem ter sido instaladas nos novos aviões 737 Max.
Mohawk também afirmou que a Boeing escondeu intencionalmente peças não conformes da Administração Federal de Aviação dos EUA antes de uma inspeção.
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As denúncias de Mohawk se tornaram públicas por meio do Subcomitê Permanente de Investigações do Senado dos EUA. O órgão passou a investigar a fabricante de aviões depois de uma quase catástrofe em janeiro, quando um painel da fuselagem de um 737 Max explodiu logo após a decolagem.
A Boeing declarou que incentiva continuamente os funcionários a relatarem todas as preocupações, com o objetivo de garantir a segurança de seus aviões e do público que voa. A empresa também afirmou estar analisando as reclamações após ter recebido o documento na segunda-feira, 1º.
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É inacreditável e inadmissível. Como pode ter sido possível isto acontecer? Os aviões são checados em todas as suas funcionalidades e tudo na aeronave possui redundância. A Boing é uma empresa com alcance global e seus milhares de jatos são considerados de altíssima confiabilidade, EXCETO estes 737 MAX que, pessoalmente, eu não voaria em um deles. Mas jamais poderia imaginar que um dos problemas fosse esse. Isto é um golpe terrível na empresa e precisa ser investigado com todo rigor. Simplesmente chocado.
Não adianta procurar o diabo na fornalha, pois é da faísca que ele gosta. Em casos assim, grandes estratégias comerciais vão pelo ralo na esteira de uma peça velha ressuscitada.
E a Boeing quer mandar gente para o espaço.
Literalmente já está mandando…