A Boeing vai pagar US$ 200 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão) para encerrar um processo na Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que acusou a fabricante de enganar investidores sobre dois acidentes envolvendo o 737 Max.
A companhia aérea e o ex-CEO Dennis Muilenburg afirmaram diversas vezes que o avião 737 Max não apresentava riscos, após dois acidentes aéreos. Muilenburg, que ficou à frente da empresa entre 2015 e 2019, pagará US$ 1 milhão (R$ 5 milhões).
A SEC descobriu que a Boeing e Muilenburg violaram leis do mercado de ações. Embora a Boeing e o ex-executivo tenham concordado em pagar uma multa, nenhum dos dois admite ou nega as conclusões da comissão, segundo o comunicado de imprensa.
As causas de dois acidentes (em 2018 e 2019) foram atribuídas a uma falha no sistema de controle de voo (Mcas). Depois, foi feita a descoberta que a Boeing enganou reguladores e pilotos sobre o novo sistema, ao tentar obter a nova certificação da Administração Federal de Aviação (FAA), sem adotar novas medidas de treinamento. Os acidentes mataram mais de 300 pessoas e obrigaram esse modelo de aeronave a ficar em terra por 20 meses.
“Após o primeiro acidente, a Boeing e Muilenburg sabiam que o Mcas representava um problema de segurança, mas garantiram ao público que o 737 Max era ‘tão seguro quanto qualquer avião que já tenha voado'”, lembrou a agência reguladora.
“Mais tarde, depois do segundo acidente, a Boeing e Muilenburg afirmaram que não houve erros nem lacunas no processo de certificação do Mcas, apesar de relatos no sentido contrário”, acrescentou a SEC.
A Boeing reconheceu, em janeiro de 2021, que dois de seus funcionários enganaram um grupo da autoridade de aviação norte-americana encarregado de preparar a formação de pilotos para o software Mcas.
A empresa concordou em pagar mais de US$ 2,5 bilhões, incluindo uma multa criminal de US$ 243 milhões e US$ 500 milhões para indenizar parentes das vítimas.